quarta-feira, janeiro 16, 2008

Jornais de Domingo

Transcrevo (JN):
Ofélia Vaz, mora nas águas furtadas de um velho prédio da Sé, no Centro Histórico do Porto.
Aquilo que nasceu para ser um pequeno arrumo, passou a ser uma "casa". Não há porta de entrada, não há espaço para pousar uma carteira, não há um canto para sentar,uma parede para encostar ou sequer uma casa de banho. Há três minúsculos cubículos onde onde não é possível andar de cabeça levantada.
Recebe 178 € mensais de pensão.
Ofélia, almoça todos os dias da semana, no Centro Social da Sé, pagando 20€ ao fim do mês. Para poupar, guarda a sopa do almoço para ter que comer ao jantar.
Ao fim de semana, como o Centro está fechado cozinha em casa "um bocadinho de arroz e, às vezes, se der, umas sardinhas". "Como muito pouco, normalmente não lancho e de manhã fico com um pão simples e uma caneca de cevada".

Quando o orçamento fica um pouquinho mais desafogado ... ... dá para fazer uma ou duas extravagâncias "compro um bocadinho de fiambre ou um queijo, embalado em caixinhas redondas e custa 3,5€" .
Continuo a transcrever
Sabe onde mandar fazer um fato exclusivo com a lã mais fina do Mundo por "apenas" oito mil euros? Ou onde comprar uns sapatos feitos à medida com as suas iniciais na sola por cinco mil euros? Sabe onde são vendidas as jóias e os relógios das marcas mais luxuosas? Ou onde há vestidos de noite hollywoodescos? Fica tudo no quarteirão mais sumptuoso da cidade do Porto, o Aviz, junto à Avenida da Boavista, onde se concentram milhares de euros por metro quadrado. Seja para trabalhar ou comprar, é o local de eleição de empresários, médicos, advogados, industriais, futebolistas e respectivas famílias.
Preço de uma mala de pele de crocodilo na Ermenegildo Zegna -10 880 euros


Transcrevo, ainda, um excerto da crónica de Vasco Pulido Valente(Público):
"Entretanto, o país cai, o pessimismo dos portugueses cresce e a economia está praticamente em coma. ... ...A insegurança é grande. O que, em princípio, prejudicaria Sócrates. Mas não. Sócrates vive da insegurança. Cada vez que lhe chamam autoritário, cada vez que (justamente) o acusam de pôr em perigo a democracia e a liberdade, os portugueses, como de costume, agradecem a existência providencial de um polícia. Um polícia que manda e que proíbe; e que fala pouco."


Transcrevo, finalmente, mais um pequeno excerto. Desta vez, da crónica de António Barreto:
"Se, como os animais, os homens aprendessem com a experiência, esta semana teria sido gloriosa. Ficaria na história como um dos momentos de aprendizagem da arte de ser governado. Perder-se-ia rapidamente a confiança em Sócrates. Este Governo teria o desfavor público. A competência técnica, a seriedade e as promessas do Governo passariam a ser motivo de gargalhada e desprezo. Infelizmente, parece que os homens em geral e os portugueses em particular não são como os animais. Não aprendem."
Mas, reparem bem, que isto são só transcrições.
Não sou eu a falar...
É que eu tenho mulher e filho e não quero complicações

1 comentário:

Andreia disse...

É muito triste o portugal que temos...