segunda-feira, abril 02, 2007

Há muitos anos, tinha acabado de entrar a Primavera...


Foi há muitos anos atrás. Tinha, como agora, acabado de entrar a Primavera.

Num recanto daquela casa de chá que um dia o Siza desenhou para construir em cima dos rochedos da praia, ali estávamos os dois, falando, um tanto ao acaso, de coisas da profissão, como se isso fosse o objectivo único do encontro.

Mas ambos sabíamos que não era.

No entanto, a conversa ia tropeçando nas palavras, tal como as ondas que, através dos vidros, víamos lá em baixo, dançando naquele vai e vem que não se resolve.

Foi talvez o pôr-do-sol, magnífico, sobre o mar, que, subitamente, obrigou os nossos olhos a encontrarem-se de tal modo exigentes, que as palavras tiveram mesmo de ceder o lugar.

Depois, a minha mão, sobre a pequena mesa, foi ao encontro da tua, e, foram elas que expressaram tudo aquilo que as palavras não tinham chegado a dizer.

Foi há muitos anos, tinha acabado de entrar a Primavera.

Claro que te lembras, companheira!

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