Foi há muitos anos atrás. Tinha, como agora, acabado de entrar a Primavera.
Num recanto daquela casa de chá que um dia o Siza desenhou para construir em cima dos rochedos da praia, ali estávamos os dois, falando, um tanto ao acaso, de coisas da profissão, como se isso fosse o objectivo único do encontro.
Mas ambos sabíamos que não era.
No entanto, a conversa ia tropeçando nas palavras, tal como as ondas que, através dos vidros, víamos lá em baixo, dançando naquele vai e vem que não se resolve.
Foi talvez o pôr-do-sol, magnífico, sobre o mar, que, subitamente, obrigou os nossos olhos a encontrarem-se de tal modo exigentes, que as palavras tiveram mesmo de ceder o lugar.
Depois, a minha mão, sobre a pequena mesa, foi ao encontro da tua, e, foram elas que expressaram tudo aquilo que as palavras não tinham chegado a dizer.
Foi há muitos anos, tinha acabado de entrar a Primavera.
Claro que te lembras, companheira!
Sem comentários:
Enviar um comentário