Comecei, quase sem saber como, pois, numa certa manhã, cheguei lá, fui recebido pelo Director, à porta de uma sala de aula, e após curto diálogo de um minuto, entrei e tinha quarenta galfarros a olharem para mim.
Dei comigo a pensar:
-E agora?
Tudo o que tinha ensaiado, não serviu naquela hora decisiva.
Mas, com a intuição (o "saber fazer" haveria de chegar mais tarde) que tinha ou não tinha, lá me fui a eles.
À medida que os dias foram passando, comecei a chegar à conclusão de que até não me estava a sair mal de todo.
E comecei a gostar daquilo.
O primeiro grande momento, aquele que fica registado na memória, como um marco imperecível, passou-se,entretanto, numa aula de Ciências da Natureza.
Tinha, para esse dia, preparado um microscópio para os alunos observarem uma gota de água contendo micróbios( amibas, paramécias e outros seres do tipo).
Depois de tudo montado, convidei, um a um, os miúdos a virem espreitar.
Eu, ao lado, ia observando as suas reacções. De espanto, de entusiasmo, de incredulidade.
O Alberto (vamos chamar-lhe assim), que eu já trazia "debaixo de olho", pois sabia que o Rómulo de Carvalho/António Gedeão era o autor da "Pedra Filosofal",mal disfarçava a impaciência com que aguardava a sua vez.
Quando, finalmente, pôde chegar ao microscópio, espreitou, levantou o olhar e espreitou de novo, mais longamente.
Então, virou-se para a turma e com uns olhos brilhantes, do tamanho da glória, exclamou extasiado:
-Olha! E mexem-se!
Aquele grito de alma, de quem descobre um mundo novo, garantiu-me, nesse preciso momento, que era aquele caminho que eu queria seguir.
O de de ajudar os outros a encontrarem os seus próprios mundos.
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