A revolta de 31 de Janeiro de 1891 foi a primeira tentativa de implantação do regime republicano em Portugal.Ocorreu no Porto e foi afogada em sangue.
Deveria, por isso, ser uma data a celebrar por qualquer regime que se diz(dizia) republicano.
Mas, assim não era no regime anterior ao 25 de Abril. Tanto que, a rua que no Porto tinha esse nome, foi, por determinações do Estado Novo, mudada para rua de Santo António.
Era assim o nome dessa artéria que une as praças da Liberdade e da Batalha, quando vim estudar para o Porto.
Estava cá há apenas uns meses, quando um colega, uns dias antes da data me disse:
-No dia 31, vamos apanhar o comboio a Campanhã, pois apareceram para aí uns papéis a convocar uma manifestação.
Inicialmente, não entendi bem do que se tratava.
Mas, no dia marcado, saindo da Faculdade ao fim da tarde, ao descer a rua dos Clérigos dou com um mar de gente a encher a praça da Liberdade.
É claro que me esqueci do conselho do meu colega e fiquei por ali.
Cada vez mais gente.
A polícia, já lá estava, também.
Até que, a páginas tantas, vi levantar-se uma revoada enorme de pardais, que se acoitavam nas árvores que ali havia.
Era o sinal de que a polícia começava a carregar sobre os manifestantes.
E aquilo durou horas. O pessoal a fugir, os agentes a bater, os carros com canhões de água a despejar sobre o pessoal.
Estávamos em 1961 e foi ali que, verdadeiramente, despertei para a realidade de um país em que ter opinião era um direito que só existia para quem tivesse uma opinião que não incomodasse quem mandava.
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