Em Agosto estive em Amesterdão e, como é norma nos roteiros turísticos que incluem a bela cidade do país das túlipas, passei pelo célebre "Bairro Vermelho".
Já tinha ouvido falar daquele quarteirão onde as "trabalhadoras do sexo" expõem o "produto", mas o facto é que aquilo que tinha imaginado, foi largamente ultrapassado pela realidade.
Tive a sensação de que ali se está perante um grande supermercado. Iluminações brilhantes,com as portas das casas transformadas em montras, no interior das quais, mulheres (alguns travestis) de todas as cores e de todas as dimensões, se exibem, por vezes fazendo poses lúbricas, mas sempre com ar indiferente, ausente, mecânico.A luz negra que se encontra dentro do "estabelecimento" acentua o ar mercantil que se vive no bairro.
Ouve-se, aqui e ali:
-Fifteen minutes, fifty euros !
As autoridades holandesas, como se sabe, fazem um pouco gala do seu liberalismo nestas questões. Concedo que, se calhar, mais vale ter aquelas "lojas" abertas aos olhos de toda a gente, assegurando que tudo está legal e controlado, do que conviver com uma prostituição mais ou menos escondida, que traz consigo um mundo de podridão, desde o proxenetismo, ao tráfico, passando mesmo pela escravidão, até à doença física e mental.
Segundo nos disseram, tinha sido feita recentemente ums inspecção às cerca de 250 prostitutas que trabalham no bairro e, de acordo com as autoridades responsáveis, todas elas estavam devidamente documentadas, eram maiores de 18 anos, eram eleitoras, pagavam os seus impostos, e nenhuma estava infectada com qualquer tipo de doença.
Mas, apesar de tudo isto, ao passar-se por ali, sente-se que estamos perante uma actividade comercial, apoiada em técnicas de marketing, sem qualquer disfarce que se assemelhe a emoção ou sentimento.Tudo aquilo é muito brilhante, muito limpo, mas muito frio.
A guia turística tinha avisado várias vezes o pessoal, de que era impensável fotografar dentro do bairro e que, havia, no meio da multidão que por ali circula, muitos polícias à paisana, a controlar tudo o que lá se passa. E verifiquei que tal era verdade.
Por isso, a imagem que acompanha este texto, foi obtida algures na internet.
Porque, como dizia a referida guia, "não se deve importunar quem está a trabalhar".
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