quarta-feira, setembro 13, 2006

Histórias da Tropa 3


Um Capitão, de quem já aqui uma vez falei, quando estava em Timor, veio ter comigo, que tinha a meu cargo, entre outras coisas, a gestão do departamento fotográfico do quartel, com um problema para resolver.
-Sabe, nosso Alferes, na semana passada, levei a minha máquina para a praia e mergulhei com ela para fotografar os corais e, sabe, ela estragou-se!
- Claro que se estragou, meu Capitão. É que a máquinas que fotografam debaixo de água são especiais e não essas que a gente usa normalmente...
- Pois, se calhar foi isso. Mas, agora fiquei com um problema. É que, no Domingo que vem, a minha mulher faz anos e eu queria tirar-lhe umas fotografias e não tenho máquina. Por isso, já falei com o nosso Comandante e ele autorizou-me a vir levantar uma máquina cá da tropa.
Entretanto, como eu já sabia que aquele homem não tinha sido dotado pela natureza com uma inteligência particularmente acutilante, e porque as máquinas que tínhamos, já antigas e profissionais, não dispunham de tecnologia de medida automática que graduasse a exposiçao, a velocidade e outras coisas que tais, sempre lhe fui dizendo:
-Está bem, meu Capitão, mas olhe que também tem de levar um fotómetro para definir a abertura do diafragma e ...
- Ó nosso Alferes -interrompeu-me logo-, isso é muito complicado para mim. Você vai mas é regular-me a máquina para uma luz como a que está agora ali fora, e eu depois espero até as coisas ficarem assim, para tirar as fotografias.
Obedientemente, cumpri as ordens mas imagino, a avaliar pela ausência de comentários e pelo olhar comprometido, quando devolveu a máquina, que o resultado não deve ter sido grande coisa...

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