segunda-feira, junho 12, 2006

Distena

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Nos meus tempos de estudante universitário de geologia, costumava andar "no campo", a recolher exemplares de rochas e de minerais.
Não só na tentativa de contrabalançar o estilo demasiado teórico do ensino que recebia, como também por gosto pessoal e por um certo espírito coleccionista.
Certo vez, eu e um colega, companheiro habitual nestas andanças, descobrimos, na zona da Foz do Sousa, uma grande amostra de um mineral chamado cianite ou distena.
Apresento-vos uma imagem deste mineral, que tem uma bela cor cianosada e acetinada e uma dureza diferenciada, segundo a direcção em que é riscada.
Como a "pedra era demasiado grande e pesada para ser levada no autocarro (nessa altura nenhum de nós tinha automóvel) ali a deixámos ficar.
Mas, no dia seguinte, falámos com o catedrático respectivo, comunicando-lhe o achado.
O homem nem queria acreditar.
-Uma amostra de distena, com mais de vinte quilos? Não pode ser. Na Península Ibérica, nunca se descobriu uma amostra tão grande!
Mas, como insistíssemos, o professor, arregimentou o carro de um dos seus funcionários e lá fomos buscar o "calhau".
E, quando confirmou a magnitude da descoberta, entrou em transe. Bateu palmas e teceu-nos os mais rasgados elogios.
Pediu-nos que a amostra ficasse exposta no Museu Mineralógico e Geológico da Universidade do Porto. Com a solene promessa de que, junto dela, ficaria um cartão mencionando que a mesma tinha sido oferta dos alunos Fulano e Cicrano de Tal.
Uns dias depois, fomos lá ver e, de facto, a bela distena estava exposta em local de relevo, acompanhada do cartão onde figuravam os nossos nomes.
Só que, passado pouco mais de um mês, voltando a visitar o Museu,verifiquei que o mineral ainda lá estava, só que o cartão era outro. Apenas mencionava "Colecção do Museu Mineralógico e Geológico da UP".
Enfim! Aqui fica um exemplo daquilo que pode ser a honestidade intlectual dos nossos "sábios"...

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois é...infelizmente muito frequente!Mas não é só a classe intelectual que o faz - isto é quase denominador comum na espécie humana!
E sobretudo reflecte a falta de valores das pessoas