quarta-feira, setembro 28, 2005

AS AULAS NA FINLÂNDIA


Esta história que começou com o Presidente da República e continuou em jornais e na TV afirmando que os professores portugueses não fazem nada e que deviam seguir o exemplo dos colegas finlandeses que, segundo essas vozes, trabalham 35 horas semanais, já enjoa. Até porque se integra numa campanha que tem vindo a contribuir para a divulgação, junto da opinião pública de uma imagem fortemente negativa de uma classe profissional que não estando (como todas) isenta de culpas, está a passar por uma fase de forte desmoralização. E as consequências começam a surgir, um pouco por todo lado, como, por exemplo, a crescente demonstração de hostilidade e agressividade por parte de alunos e encarregados de educação para com os docentes.
Um leitor da "Pública", na sequência de mais uma dessas "notícias", contactou uma associação de professores finlandesa que respondeu:
- as horas lectivas dos professores na Finlândia, dependem do nível e da disciplina que leccionam; por exemplo na escola primária (alunos entre os 7 e os 12 anos) é de 20 a 24 horas semanais, mais 3 horas para planificação e cooperação com outros professores; no nível a seguir é de 18 a 24, mais 3 horas e no secundário de 16 a 23, mais duas horas.Os professores na Finlândia são livres de preparar as suas aulas onde quiserem e durante o tempo que quiserem.
A própria jornalista que tinha uma vez mais inistido na tese das 35 horas, viu-se obrigada a pedir desculpa pelo lapso, após, por sua parte, ter contactado o chefe da Educação da cidade de Helesínquia que confirma que a média de trabalho semanal dos professores finlandeses ronda as 25 horas.
Se compararmos estes números com a realidade portuguesa que vigorava no ano lectivo anterior, as diferenças são mínimas. E, no presente , mercê das determinações que obrigam uma maior permanência na escola (a maior parte das vezes para nada se fazer- ainda voltarei a este assunto), a média dispara, aumentando, para o lado português
É claro que, quando se trata de inventar "factos", as manchetes vão para as primeiras páginas. Mas, quando se descobre a verdade, os desmentidos ou não aparecem, ou são publicados em espaços reduzidos e quase secretos.
E o que fica a perdurar é o retrato negativo.
Com tudo isto, veremos, no futuro, quais as consequências para a Educação neste país, desta onda de afrontamento e hostilização dos professores.
É que, como todos sabemos, uma classe desmotivada e psicologicamente abatida, terá sempre uma prestação menos conseguida.

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