quinta-feira, setembro 22, 2005


Aqui volto às memórias sobre a minha passagem por Timor.

Nos velhos tempos da administração portuguesa, havia em Timor uma emissora radiofónica, que pomposamente se designava como "a voz de Portugal na Oceania"
Os estúdios eram constituídos por um barracão sem qualquer insonorização, de tal modo que, quando o galo do vizinho cantava, todos os ouvintes escutavam os seus estridentes gritos. As aparelhagens que utilizava nas emissões, eram mais do que obsoletas e , no essencial, constituídas pelas peças que a Emissora Nacional de cá, rejeitava, por estarem de todo ultrapassadas.
O director de tal emissora era um antigo sargento do exército que, acabada a sua comissão de serviço militar, resolveu instalar-se naquele território, onde, mercê do seu bom convívio com as autoridades, foi singrando, chegando à chefia de serviços públicos com algum relevo.
Ora, este homem, numa dada fase, fazia um programa, em directo, que encerrava a emissão diária. E, antes de desligar o emissor, transmitia o hino nacional, como aliás, acontecia na então designada "metrópole".
Acontece que o indivíduo, solteirão mas nada avesso aos encantos femininos, tinha a viver na sua casa, duas protegidas, como é óbvio, bastante mais jovens. As quais, como não tinham, por parte do bondoso director, a devida e conveniente "assistência técnica", eram particularmente permeáveis aos encantos de um fogoso alferes miliciano que, enquanto o homem falava ao microfone da rádio, atacava as ditas cujas (conhecidas na altura pelas "galinhas do JM") no leito do anfitrião involuntário.
O receptor da rádio, nessas alturas, permanecia convenientemente ligado, para que, quando soasse o inevitável hino nacional, se desse a retirada estratégia e apressada do habilidoso alferes.
E tudo funcionou às mil maravilhas, até ao dia (noite) em que, as lides estiveram mais intensas e ardorosas e ninguém ouviu aquele símbolo pátrio. Deste modo, o bom do homem chegou a casa e deu conta do flagrante delito.
Ao que consta, a partir daí. o dito JM deixou, definitivamente, de fazer emissões em directo.

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