sexta-feira, janeiro 27, 2006

SETE E PICO, OITO E COISA, NOVE E TAL


Nos anos sessenta, apareceu aqui no Porto, mais propiamente no "cantinho da rambóia" muito perto da Torre dos Clérigos, um conjunto formado por sete jovens, todos eles com outras profissões que não a música.
Era o conjunto de António Mafra, o seu impulsionador e o verdadeiro líder do grupo.
Começaram a produzir canções populares que conseguiram entrar no ouvido e, cada vez mais, passar na rádio.
A sua presença em espectáculos e na própria televisão, era crescentemente solicitada.
Entre várias cantiguinhas mais "fáceis" , este conjunto criou algumas peças de inegável carácter inventivo, muito para lá da pirosice que campeava com o nome de "nacional-cançonetismo", termo que equivalia, na altura à actual designação de "música-pimba".
António Mafra, prematuramente falecido, ia buscar às próprias raízes populares, inspiração para os seus maiores êxitos. Foi o autor da letra e música da quase totalidade das várias dezenas de composições interpretadas pelo conjunto.
A coroa de glória terá sido a valsinha "Sete e pico" que contava, numa só canção, diversas histórias, mais ou menos verídicas. Por exemplo, o D. José de Vicente, foi mesmo uma personagem típica de S. Pedro da Cova, uma das freguesias de Gondomar.
Após o eclodir do sucesso deste Conjunto de António Mafra, muitos outros agrupamentos surgiram. A quase totalidade deles, não compreendendo as verdadeiras razões da fama dos pioneiros, cairia na vulgaridade e até na boçalidade, extinguindo-se sem glória.
O Conjunto sobreviveu à morte do fundador, mas jamais atingindo o fulgor que este verdadeiro autor popular lhe tinha conferido.
Da formação actual apenas constam o José Mafra, irmão do titular, o Manuel Barros, vocalista de sempre e o Manuel João, o mais veterano e homem do bombo.

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