terça-feira, julho 26, 2005

UMA VISITA MISTERIOSA

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Hoje bateu-me à porta uma personagem algo esquisita.
Monóculo no olho direito, bigode farfalhudo, mas um ar elegante que denotava uma inegável sagacidade e profundidade intlectual.
Perante o meu ar intrigado, estendeu-me a ponta dos dedos num cumprimento fugidio e apresentou-se, com um simples nome, tão ciciado que não o cheguei a entender.
- A que devo o prazer?... - balbuciei.
Sem me dar tempo a mais nada, irrompeu:
-Voltei porque, mais do que nunca, este país está uma choldra! Uma autêntica choldra.
Os políticos mudam de poiso em poiso, tal como as moscas em busca dos seus fétidos petiscos.
A decência, já há muito que está encerrada em empoeirados museus.
No parlamento, as vozes são monocórdicas, e repetem, até à exaustão, sempre as mesmas tiradas, sem uma ponta de novidade, sem uma ideia verdadeiramente interesssante.
E, quem fala, tem sempre um ar caduco, de ancião político, mesmo quando tem pouco mais de vinte ou trinta anos e às vezes até usa umas melenas compridas. Mas sempre conjugadas com o inevitável fato azul ou cinzento e a gravata azul ou vermelha.E com os sonolentos "apoiado", "muito bem","isso mesmo"...
E isto está uma choldra tal que, para se renovar a República, não encontram outra solução do
que ir desencantar, ao esquadrão da terceira idade, salvadores da pátria que já estão em idade de pantufas e de tisana no aconchego do lar.
Aqui há muitos anos atrás, fartei-me de pregar, mas parece que ninguém me ouviu.
Por isso, voltei, só por uns momentos, apenas para repetir:
"Isto está uma choldra e, se calhar,está aprecisar de umas boas bengaladas".
E tão misteriosamente como apareceu, esfumou-se no ar, sem me dar tempo a mais nada.
Já depois de ter desaparecido, a palavra de apresentação que, na altura não tinha entendido me parecia agora ter soado como Queiroz ou algo de semelhante.
Seria?

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