De estranhos fios se tecem os mecanismos do medo.
O medo do escuro. O medo do dentista.
O medo de parecer mal.O medo da opinião pública.O medo do desconhecido.O medo da mudança.O medo dos assaltos. O medo de discordar.
O medo dos superiores. O medo do castigo. O medo, sem mais nada. O medo puro e simples.
E há quem saiba tecer com esses fios. De modo a que outros sintam medo e fiquem paralisados pela inacção. Que lhes convém.
Esses, porém, nunca dizem que utilizam o medo como forma de atingirem os seus fins.
Muitas vezes, agem por interpostas pessoas. Fazendo constar consequências nefastas para quem ousar contrariar os seus projectos.
Desta forma, reduzem os outros à amargura de terem de se vergar, deixando-os com o sentimento de culpa de quem não conseguiu vencer o medo.
Depois, surgem com a imagem dos fortes, dos que triunfaram.
Mas sempre afirmando que foram os outros, de sua livre vontade, quem decidiu agir conforme os seus desígnios.
Pensava-se que o medo era recurso exclusivo de sociedades totalitárias. Que as democracias libertariam, definitivamente, os cidadãos do medo atávico, irracional, inexplicável, mas omnipresente.Como sucedeu entre nós durante muito (demasiado) tempo.
Mas, afinal, não é isso que acontece.
Que democracias são estas que ainda se alimentam de medos?
Quantos séculos mais teremos de viver até que se atinja um tempo em que a liberdade responsável seja de tal forma interiorizada que dispense o recurso ao medo?
Que democracias são estas que ainda se alimentam de medos?
Quantos séculos mais teremos de viver até que se atinja um tempo em que a liberdade responsável seja de tal forma interiorizada que dispense o recurso ao medo?
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