quinta-feira, dezembro 31, 2009

Até sempre gente boa!


No dia 31 de Dezembro de 2004 nascia este Peciscas.
Sem saber muito bem ao que vinha, abalancei-me nesta aventura de entrar na blogosfera.
A princípio, timidamente. Depois, ganhei-lhe gosto e fui por aí fora.
Escrevi sobre tudo e mais alguma coisa.
Lancei iniciativas, por vezes brincalhonas.
Talvez a que mais gozo me deu foi a edição dos posts sonoros.
Mas, o mais importante ter feito dezenas de amigas e amigos.Gente boa,que me enriqueceu a vida.
Alguns dos quais tive o gosto de conhecer "ao vivo". Outros que ainda "aguardam a oportunidade "daquele abraço" real.
Mas, passados estes 5 anos, o ânimo está a esmorecer.
Neste mundo actual de "fast food" internáutico, onde o que está na moda são as redes sociais, os twiters, os facebook, os netlog e por aí fora, parece já haver pouco espaço para o prosseguimento dos "bons velhos tempos" blogosféricos.
É certo que tenho, sempre por aqui, uma corte de indefectíveis que nunca me abandonam.
Mas, confesso que, nos últimos tempos tenho andado cada vez com menos vontade de vir aqui e trazer coisas novas.
Ou serei eu que estou a ficar velho e cansado.
Por isso, este aniversário é um bom pretexto para entrar numa pausa que não sei se será mesmo definitiva.
Assim, o Peciscas, no dia em que faz 5 anos, mete os papéis para a aposentação. Tal como o dono fez na sua profissão.
É claro que aprendi, há muito, que nunca se deve dizer "nunca".
Deste modo, é possível que venha aqui uma ou outra vez, se houver algum motivo imperioso para tal. Uma causa. Um movimento de solidariedade. Uma solicitação amiga.
Bem vistas as coisas, os aposentados, por vezes, fazem uns "biscates" para entreter...
Mas, a minha intenção, neste momento, é mesmo parar para pensar....
Entretanto, como dizia o conhecido político, "vou andar por aí"...
Até sempre, gente boa!

sexta-feira, dezembro 18, 2009

"Casa do Americano 2009"

Por estas alturas festivas, costumo mostrar-vos imagens da "casa do americano", como é conhecida a moradia de um vizinho que, no Natal, sempre a  decora de modo exuberante.
Também já vos tenho referido que, nesta época, há uma autêntica romaria de curiosos que passa pela rua onde se situa a habitação.
A quem já tem visto as imagens dos anos anteriores, poderá parecer que são sempre iguais. Mas não é assim. Os organizadores do "espectáculo" fazem questão de, todos os anos, acrescentar novidades à decoração.
Este ano notei , pelo menos,um comboio com renas e Pai Natal...
Nas redondezas, há quem procure seguir o exemplo e já tem , também, um respeitável elenco iluminativo.
Mas nada que chegue aos calcanhares do "americano".







quinta-feira, dezembro 17, 2009

Devemos andar todos surdos...



Pelos vistos vivemos num país de surdos...
Não,. Não digo isto em sentido figurado, procurando atingir políticos ou outros figurões.
É que, não há publicação escrita que não traga, diariamente, extensos anúncios, a reclamar as virtudes milagrosas de aparelhos que vão melhorar decisivamente a audição. Ou, então,dentro de revistas ou directamente para a nossa caixa de correio, lá estão os papelinhos a propor testes ou experiências com estes aparelhinhos.
E fazendo sempre passar a mensagem de que aquilo é extremamente barato.
Ora, a avaliar pela extensão dos meios publicitários envolvidos (uma página inteira de jornal, por exemplo, é bem cara) deve tratar-se de negócio bem lucrativo
Até porque conheço um amigo, que comprou um desses utensílios e pagou quase 2000 euros..
E, segundo ele, a audição em pouco melhorou, porque , quando está no meio de um grupo a conversar em simultâneo, não consegue distinguir os sons, que se baralham em irritante confusão.
Mas,enfim, devemos ser muitos a ter dificuldades de audição, porque eles continuam a atacar por todo o lado.

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Almoços e jantares de Natal...


Nesta altura do ano, há uma roda-viva de almoços ou jantares de Natal.
Grupos de amigos, colegas de profissão, confrarias gastronómicas tudo serve para pôr "os pés de baixo da mesa".
Dezembro, é, pois, um mês em que se deve esconder a balança e evitar fazer análises.
No passado sábado, lá estive, em mais uma dessas confraternizações, Neste caso de professores aposentados, a que chamamos o "Grupo da Boa Memória".´
Cerca de 40 à mesa e. no final, a habitual troca de "prendas", em que, normalmente, trazemos para casa mais una bugiganga que vai para o monte da tal tralha que por aí se amontoa.
Mas, neste almoço, o que me calhou em sorte até foi divertido e certeiro. De facto, a frase pendurada no porta-chaves, passados três anos, continua a traduzir fielmente o meu estado de espírito...

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Projecto Viva





No nosso dia a dia, há pequenos acontecimentos , que de tão habituais e mecânicos, já não assumem qualquer significado especial para nós.
Por exemplo, abrir uma torneira, lavar as mãos, ou beber um copo de água, ou encher uma panela para cozinhar.
No entanto, mais perto ou mais longe, há outros seres humanos , para quem esse tipo de acontecimentos representam um drama diário.
Porque há locais da terra onde a água é um bem quase inacessível. Obter o precioso líquido (e quantas vezes em condições totalmente insalubres) exige esforços e sacrifícios quase inacreditáveis (como, por exemplo, andar 42 km a pé).
E nós, que abrimos a torneira mecanicamente e só nos damos conta de como a água nos é indispensável quando há avaria na rede e ela deixa de jorrar, que poderemos fazer?
Pequenas coisas, tais como evitar desperdícios inúteis.
Ou, como tive oportunidade de fazer, colaborar numa campanha, como o Projecto Viva.
No supermercado, no momento em que ia pagar as minhas compras, vi que poderia registar mais um artigo: uma garrafa de rótulo azul, vazia, colocada num pequeno escaparate.
Paguei 1 euro pelo registo. Recebi em troca um cartão, que aqui reproduzo.
Será que este gesto sossegou a minha consciência?
Nem tanto. Pelo contrário. Vim do supermercado a pensar em tudo isto. Nas disparidades que ainda subsistem no mundo. E de como são limitadas as capacidades de intervenção dos "comuns mortais" como eu.
Posso supor que aquele euro, junto com outros, poderão ajudar a abrir um poço, numa localidade distante, que nem sei ao certo onde fica. Mas será apenas um poço, que minorará o sofrimento de alguns semelhantes.
Eu sei que estes pequenos gestos, contam.
Mas, mais ainda do que isso, é urgente engrossarmos um largo movimento de opinião e de pressão, para que os "senhores do mundo" sejam capazes dos "GRANDES GESTOS" que esses sim, sejam capazes de alterar significativemte estas tão injustas como injustificadas disparidades.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Ainda a propósito de "tralhas".

Há dias falava aqui sobre a minha dificuldade em me desfazer de algumas tralhas que tenho em casa.
A propósito desse texto, foram-me deixados alguns comentários que sugeriam possíveis destinatários desses materiais, que a eles não podendo aceder por razões económicas, os utilizariam, ainda de modo proveitoso.
Devo dizer que é uma prática a que muitas vezes recorro.
Ou seja, quando sei que tenho algo de que já não preciso e que ainda está em condições de servir a outros, encaminho-o para que não acabe no lixo.
Por exemplo para a associação Emaús que tem um armazém aqui bem próximo.Roupas, mobílias, electrodomésticos, telvisores, já lá deixei bastantes artigos. Eles próprios, quando os objectos são de maior porte, vêm a casa recolher.Por exemplo, quando a minha mãe faleceu, a maior parte do recheio da casa, foi doada a esta instituição.
Por outro lado, no que se refere a artigos de vestuário, já há por aqui perto, contentores, instalados pela autarquia, onde se podem deixar as peças que já não vestimos.
Mas, em tudo isto, há uma condição que eu procuro seguir. Só encaminho o que ainda está em relativo bom estado. Roupa que não está rota. Televisores que ainda funcionam. Mobílias que não estão escavacadas.
Quando se trata de um "mono" já sem serventia, então, chamo os serviços da Cãmara que os recolhem, ou, então, no caso de ter comprado algo novo, peço aos vendedores que levem a peça avariada (são obrigados por lei a fazerem essa remoção).
É que, mesmo quem precisa da nossa solidariedade, tem uma dignidade humana a preservar. Dar-lhes algo que já está significativmente degradado, é, a meu ver, atentar contra essa dignidade.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Guarda-chuvas ecológicos

Nestes tempos de intempérie, dependemos de alguns equipamentos para evitarmos, o mais possível, molhadelas nada agradáveis.
O guarda-chuva ( que os amigos lisboetas e outro pessoal  lá do sul insiste em chamar "chapéu de chuva") é um desses equipamentos.
Mas trata-se de algo que só transportamos quando não pode mesmo deixar de ser. Em geral, se quando saímos de casa não chove, é certo que o dito cujo não segue viagem connosco.E esse facto tem muito  a ver com o facto de ser um objecto incómodo, que se esquece em qualquer sítio e também algo frágil. Basta ver a quantidade de destroços de cabos, varetas e panos que ficam pelas ruas em dias em que os aguaceiros são acompanhados de maior ventania.
Não era esse um problema para os timorenses.
Quando  vivi nesse longínquo território, dei conta de que as populações locais dispensavam guarda-chuvas. Pelo menos esses que se compram nas lojas e são produzidos industrialmente.
De facto, quando a chuvada era maior, os timorenses resolviam o problema muito facilmente. Iam-se a uma bananeira e cortavam uma das suas largas e impermeáveis folhas, mantendo o longo pé.
Assim se abrigavam. Com a vantagem de, passado o temporal, a folha poder ser abandonada, sendo facilmente decomposta pela natrureza.
Era, então, uma protecção prática e ecológica.

sexta-feira, dezembro 04, 2009

As cestas do carvão


Nos meus tempos de criança, morando numa pequena cidade do interior, a vinda a uma grande metrópole como o Porto, era fonte de encantamento para os meus olhos provincianos.
Os carros eléctricos, oa anúncios de neon a cintilar na noite, deixavam-me sempre embasbacado.
E uma das coisas que particularmente admirava, era, logo à entrada da cidade,uma espécie de teleférico que cruzava a estrada, fazendo correr, em vaivém interminável, umas pequenas cestas pretas que corriam em cabos, suspensos em torres de betão e aço.
Explicaram-me que era por ali que o carvão extraído nas minas de S. Pedro da Cova, era conduzido até ao Monte Aventino, na zona das Antas, já bem na zona nobre da cidade do Porto.
Mais tarde, quando vim morar para cá, por coincidência, a minha casa ficava a cerca de cem metros dessa linha.
Lá estavam as ditas cestas, correndo. Para cima traziam o carvão, para baixo seguiam vazias. Quando passavam pelo poste, faziam um ruído metálico monótono e não muito agradável.
Mas tudo tem um fim. O carvão mineral caiu em desuso. As minas foram desactivadas. As cestas deixaram de ter serventia. Por isso, essa espécie de teleférico foi eliminado.
Mas, um destes dias, fui encontrar uns restos de uma construção que me parecia familiar.
Pois, era isso mesmo. Aquilo que a minha foto mostra é, nem mais nem menos, do que uma parte de uma desses postes que sutentavam os cabos por onde passavam as cestas do carvão.
Por ali passa, diariamente, muita gente. Os jovens, que até já grafitaram o "monumento" não farão a mínima ideia do que aquilo é.
E ainda farão menos ideia de como era violenta a vida dos mineiros, trabalhando quase como escravos, no fundo de buracos insalubres, para ganharem uma miséria. E para, a breve trecho, verem a saúde consumida pela terrível silicose.
Quem, aliás, quiser saber mais um pouco sobre o que aí se passava, pode encontrar aqui um impressionante e real testemunho de um antigo mineiro.

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Vou abrir um museu...

Sou daquelas pessoas que tem uma grande dificuldade em se desfazer de tralhas já obsoletas, sem grande serventia ou até mesmo avariadas.
Por exemplo, tenho cá em casa três computadores de mesa e dois portáteis.
Dos de mesa, só um funciona como deve ser. Um dos outros, o primeiro que tive, é um respeitável ancião que quase só serve para escrever uns textos.Raramente o uso. O outro, basicamente tem todas as funções activas, mas move-se a passo de caracol. Para passar de uma página a outra, espreguiça-se, boceja, olha para mim com ar enfastiado e, só depois de muito o encorajar é que ele segue em frente. Neste momento, só para que ele não se habitue à inacção, estou a usá-lo, precisamente para escrever este post.
Dos portáteis, um está operacional e o outro, foi definhando pouco a pouco, até que, há cerca de uma semana, deu o "bafo" definitivo.
Mas, que querem?  Com este meu respeitinho ancestral pelos direitos da terceira idade, teimo em manter na família estas peças de museu.
Já não falando em televisores, câmaras de filmar e fotográficas, aparelhagens de som.
Qualquer dia, com todas esta parafernália de velharias, ainda vou abrir um museu!

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Não me lembro de um Novembro como este...

- Não me lembro de um ano como este!
Eis uma frase que, actualmente, repetimos ciclicamente.
Por exemplo, eu não me recordo de acabar Novembro e só ter acendido a lareira uma vez. E por poucas horas, gastando apenas umas achas que tinham sobrado da época anterior..
De modo que, a tonelada de lenha que há anos compro, em Agosto, ao Senhor Ferreira, permanece ainda intacta na garagem.
E tudo isto tem causas bem determinadas.
O tal  aquecimento global do planeta, existe mesmo, não é ficção. Nós damos conta dele.
Mas os senhores do Mundo, dão conta?
A tal cimeira de Copenhaga, vai dando que falar. Avanços, recuos, indefinições, vão alimentando as páginas dos jornais e os tempos de emissão das televisões.
Mas apostam que, com algum "fogo de vista" para "empatar" vai ficar tudo na mesma?
E quando as coisas já não tiverem retorno? Com quem acertarão as contas as gerações que hão-de amargar todas estas diatribes ambientais?

sexta-feira, novembro 27, 2009

Segurança nas Piscinas - Petição on-line

A nossa amiga Odele, que a maioria de vocês já conhece é uma mulher fora do comum.
Há cerca de uma dúzia de anos viu a sua filha Flavia afastada de uma vida saudável e feliz que estava a iniciar, por um absurdo acidente ocorrido na piscina do prédio onde moravam.
Desse terrível episódio resultou o estado de coma vigil em que a Flavia vive actualmente.
A Odele, há cerca de três anos, criou o blog http://flaviavivendoemcoma.blogspot.com/
Aí, para lá de se reportar ao acidente, aos cuidados desvelados que presta diariamente à sua filha, bem como às lutas judiciais que tem desenvolvido para obter a condenação dos responsáveis pelo acidente, esta corajosa lutadora, bate-se pela criação de mecanismos legais que possam evitar a futura repetição de acidentes em piscinas, que, infelizmente, ainda vão ocorrendo, um pouco por todo o mundo.
A sua mais recente iniciativa tem a ver com a exigência de uma Lei Federal sobre segurança nas piscinas que se pretende ver aprovada para vigorar em todo o Brasil.
Para tal, está on-line uma petição que pode ser subscrita por cidadãos de todo o mundo e que poderá contribuir para que tal lei seja implementada.
Apoiar a Odele nesta nova fase da sua abnegada luta é, certamente, uma forma de, também nós, não só homenagearmos a Flavia como também podermos contribuir para a prevenção de novos acidentes tão brutalmente danosos como aquele que ela sofreu..
Para assinares a petição, clica na imagem seguinte




Se estiveres de acordo com o assunto desta petição, por favor ajuda na sua divulgação, colocando no teu blog, site ... ou enviando para os teus contactos um apelo nesse sentido.
A imagem que é o logotipo desta petição, da autoria de Isabel Filipe , pode ser utilizada nessa divulgação, por exemplo colocando-a na barra lateral do teu blog.
Para tal, podes copiar o código html contido na caixa seguinte e colá-lo no teu template , no local onde achares conveniente.


quarta-feira, novembro 25, 2009

Dia Internacional de Combate contra a Violência Doméstica.



Normalmente sou um tanto avesso a assinalar dias internacionias disto ou daquilo. Porque, normalmente, estas efemérides são pouco mais do que um "descargo de consciência" que deixa ficar tudo na mesma.
No entanto,  a este Dia Internacional de Combate contra a Violência Doméstica não posso ficar indiferente.
É que, durante bastantes anos, na minha juventude, convivi de muito perto com este drama.
A minha mãe, criatura frágil e indefesa, foi uma vítima silenciosa de um cenário repetido de violência, que conjugava agressões verbais e físicas com desprezo intelectual.
Porque, nesse tempo em que o salazarismo (não tenhamos receio em usar o termo porque essa triste realidade existiu mesmo) dominava mentes e corpos,  as leis não davam a mínima protecção à mulher. O marido tinha todo o direito de a maltratar sem que a vítima pudesse recorrer a algum mecanismo de defesa. Por exemplo, se a mulher fugisse da casa onde era violentada, o marido tinha todo o direito de a ir buscar, dar-lhe "uns safanões" e obrigá-la a voltar regressar. E as autoridades policiais colaboravam quantas vezes, na descoberta do paradeiro da fugitiva.
E mesmo a religião, convenhamos, afirmava o dever de "obediência" da mulher em relação ao homem. Obediência igual a submissão.
No entanto, mesmo com a elaboração de leis que os novos tempos determinaram, que protegem a mulher e os seus direitos e punem os agressores domésticos, o problema está longe de estar erradicado.
Ainda persistem (em todas as classes sociais) casos de estrema e abjecta violência sobre mulheres por parte dos cônjuges, companheiros ou mesmo namorados, que passam impunes e ignorados.
Mas esta aberração social só será de todo vencida quando as próprias mulheres ganharem plena consciência da sua liberdade, da sua dignidade e do direito de verem punidos os seus agressores.A generalização dessa consciência será o passo decisivo que fará com que não mais seja necessário assinalar um dia como este.

terça-feira, novembro 24, 2009

Os portugueses, com a crise, estão a cortar na alimentação...

Nestes tempos de crise (económica e de ideias), muito custa alimentar um blog.
Coitadinho deste Peciscas que, actualmente, só come umas três vezes por semana.E, por vezes, só uma sopinha ligeira.
Mas, como os nossos governantes e o Vitor Constâncio vão dizendo que a coisa já está a melhorar, espero, vivamente que o pobrezito, dentro em breve, passe a ter uma dieta mais constante e nutritiva.
Se não, um destes dias, ainda falece à míngua...

segunda-feira, novembro 23, 2009

Pelos Caminhos da Ìndia - Ester Afonso


A amiga Ester ou Tulipa, está a expor fotografias que obteve numa recente viagem à Índia.
Esta mostra já esteve presente aqui no Porto, mais propriamente em S. Mamede de Infesta.
Tive o grato prazer de ter visto as fotos da Ester e digo-vos que esta é uma exposição a não perder.
De modo que, quem puder dar um saltinho até à Biblioteca Municipal de Alpiarça, vai certamente dizer que valeu a pena lá ir.
As imagens e os comentários que as acompanham, revelam-nos uma artista sensível e atenta.
Vão gostar!

sexta-feira, novembro 20, 2009

Letreiros 18

Mais uma série da minha colecção de letreiros ou dísticos mais ou menos incomuns.

DIZ
Mas digo o que?

foto Peciscas Não precisas de ir ao pomar, porque ele vem bater-te à porta. Mesmo com uma pequena confusão de acentos...
foto Peciscas Será que este rio transborda?
foto Peciscas É sempre útil tomar um banhito...
foto Peciscas What is this???
Quem quer casar com a doce padeirinha?
foto Peciscas TNT?
Será um camião armadilhado?
Brevemente, mais letreiros.

terça-feira, novembro 17, 2009

Oportunidades perdidas

Terminou, em Roma, a Cimeira da FAO, que deveria adoptar medidas concretas para erradicar esse flagelo humanitário que é a fome no mundo, até ao ano de 2025. Essa foi uma meta que tinha por base declarações anteriores de potências dominantes.No entanto, interesses diversos que combatem entre si nestas alturas, acabaram por produzir uma resultado decepcionante.
Com efeito, a declaração final é vaga, não estabelece compromissos sólidos para o futuro. Fica-se pela fugaz intenção de vigiar para que medidas urgentes sejam tomadas (...) para reduzir em metade a percentagem e o número de pessoas que sofrem de fome e de subnutrição até 2015.
Entretanto, a reunião preparatória da Cimeira de Copenhaga, que deveria adoptar medidas para reduzir a emissão de CO2 para inverter a trágica subida do "efeito de estufa" que ameaça, entre outras coisas, a existência de grandes faixas de território em diversos países, também se salda por um lamentável fracasso. Os principais poluidores, China e EUA, não querem comprometer-se com metas concretas. Pensam muito mais nos seus planos de "crescimento económico" do que com a saúde do planeta e com a sustentabilidade do nosso futuro colectivo.
Mais uma vez se prova que, as boas palavras dos altos responsáveis, soam bem mas são um puro exercício de hipocrisia. Quando se trata, apenas, de falar, tudo se promete. Mas quando chega o momento de agir, encolhem-se.
Mas que raio de "crescimento económico" será este que põe em risco o planeta? Para que é que precisarão as gerações, presentes e futuras, de um "crescimento económico" que, às tantas, não vai ter nenhuma oportunidade de se evidenciar, porque o mundo já será um deserto, estéril e quase impossível de habitar?

segunda-feira, novembro 16, 2009

Grupo da Boa Memória

Faço parte de um grupo que já ultrapassa as duas dezenas de elementos.
Temos em comum três factos:
-somos todos aposentados;
-fomos todos professores;
-todos trabalhámos, na fase final da carreira, numa mesma escola.
Chamamos-lhe o "Grupo da Boa Memória".
De onde a onde, juntamo-nos, conversamos, convivemos, visitamos locais de interesse cultural, petiscamos.
Só há uma regra básica que todos respeitamos: não falar de política nem de Educação ou de escolas.
Por isso, estes encontros são sempre bons momentos, agradáveis jornadas onde nos sentimos bem. O último decorreu na passada terça-feira. Descobri dois monumentos no Porto, onde, apesar de viver aqui há quase 5o anos, nunca tinha entrado, mesmo passando à porta centenas de vezes.
O próximo evento já está agendado: será um almoço de Natal à beira-mar. Dentro de um abrigado restaurante, saliente-se...

sexta-feira, novembro 13, 2009

Uma decoração viva

foto Peciscas
Acho que já vos disse que, actualmente, não tenho nenhum animal doméstico. Mas sou diariamente visitado por alguns bichanos que, usando do conhecido espírito de independência bem própria destes animais, não reconhecem muros, portas ou outras quaisquer barreiras.
Um destes dias, ao chegar a casa, deparei-me com destes "amigos" que achou por bem quebrar a eventual monotonia da fachada, postando-se no pilar, mesmo acima do número da minha porta.
Achou que ficaria bem ali.
Há quem ponha leões, águias, cães, dragões, de louça, de metal...
Mas, naquele dia, àquela hora, eu podia dar-me ao luxo de ter um elemento decorativo vivo, animado e imponente.
Fotografei, para que conste em memória futura.
E pronto... Já ficam a saber que moro no nº 31...

terça-feira, novembro 10, 2009

Tutear é pecado...

Li, por acaso, um destes dias, uma citação de um excerto de uma entrevista dada por uma tal senhora Bobone, que ganha a sua vida a fofocar sobre o chamado jet-set e a arengar sobre regras de etiqueta. Como se vê, é uma senhora cujo labor é mesmo indispensável à nossa felicidade colectiva.
E ssa frase da senhora diz:
- Acho um horror os filhos tratarem os pais por tu. Tira o respeito. O respeito dá jeito.
Esta afirmação, poderosa e definitiva, cilindrou-me e abateu-me por completo. Desde que a li, já não posso ser o mesmo.
É que dei conta de que vivi anos e anos no horror de tratar os meus pais por tu.
E que, ainda hoje, persisto no culto desse horror. Porque o meu filho trata a mãe e o pai por tu. E trata os avós, tios e demais familía também desse modo horroroso.
Finalmente, após tantos anos de vida, dei conta da verdadeira razão que explica tanta falta de respeito que navega neste mundo.
Afinal, o pecado original está nesse pecaminoso tutear que algumas famílias devassas continuam a alimentar.
Bobone dixit.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Há muros que são mais difíceis de destruir

Faz, então, 20 anos, que caíu o "Muro de Berlim".
Acontecimento simbólico que assinala, indelevelemente, a História do século XX e que, em todo o mundo, está a ser relembrado e comentado.
Ontem, na Antena 1, ouvi uma excelente reportagem sobre este marco histórico que, entre outras coisas interessantes, insistiu na ideia de que, para lá da destruição material da barreira que impedia a livre circulação entre as duas partes da Alemanha, o muro ainda persiste. Ele está ainda implantado nas mentalidades dos alemães. Permanecem desigualdades (até salariais) entre as duas regiões agora unificadas, designadamente a nível salarial. E subsistem desconfianças mútuas entre as populações que, durante décadas, foram doutrinadas por sistemas políticos antagónicos.
E levará provavelmente muito tempo até que esses muros "mentais" se abatam completamente.
É um pouco como o que se passou e se passa no nosso país.
O 25 de Abril assemelha-se, de certo modo, à queda do muro de Berlim. No entanto, passados 35 anos, esse muro ainda vigora em muitas mentalidades. Há quem se situe, mais ou menos convictamente, de ambos os lados. E o que é mais intrigante é que, alguns que não aceitam o saltar desse muro, nem sequer eram nascidos quando ele implodiu.
O que leva a concluir que mais do que as barreiras físicas, cuja destruição é fácil de conseguir, é muito mais difícil eliminar os obstáculos ideológicos e mentais que impedem a verdadeira comunhão entre os povos.

sexta-feira, novembro 06, 2009

O homem põe, a Natureza dispõe...

foto Peciscas
A Natureza não quer saber se estraga estéticas ou danifica construções.
Estas plantinhas, por exemplo, consideraram que naquela parede recentemente construída, tinham as condições ideiais para se instalarem e desenvolverem.
Vai daí, as suas sementinhas vieram pelo ar e lá descobriram maneira de germinar.
E ali estão numa demonstração de irreprimível liberdade.

quarta-feira, novembro 04, 2009

Justiça de primeira, de segunda, de teceira...

Um cidadão, com aspecto humilde e ar um tanto transtornado, há tempos, barricou-se numa casa e apontou uma arma à polícia.
Acabou detido e agora presente a julgamento. Como deve ser, obviamente.
Mas, o que me chamou a atenção, na reportagem televisiva que hoje vi, a referir-se ao caso, foi a declaração do advogado (oficioso, saliente-se) do arguido. As declarações do causídico mais pareciam ser de acusação, do que o contrário.
Assim, o defensor, dizia que o seu "cliente" deveria ser condenado de modo exemplar, que havia provas suficientes para a sua condenação e que aconselhava o arguido a confessar tudo o que tinha feito.
E dei por mim a pensar no que aconteceria, se o presumível criminoso fosse alguém com meios materiais suficientes para contratar um daqueles advogados que se fazem pagar muito bem e que são especialistas em estratagemas jurídicos que acabam por fazer prescrever ou esbater decisivamente condenações que, à primeira vista, parecem mais do que evidentes.
Mas, neste caso, como o homem não tem dinheiro, apenas tem direito a um advogado oficioso, que parece estar a contribuir para ainda o "enterrar" mais.
Ou seja, continua a haver justiça de primeira, de segunda, de terceira e por aí fora.
Nesse aspecto, o truculento Bastonário da Ordem dos Advogados, com o qual muitas vezes discordo, parece ter mesmo razão.

segunda-feira, novembro 02, 2009

Abusos

As chamadas redes sociais estão na moda. Parece que vão nascendo quase todos os dias.
Algumas delas são mais populares, outras menos.
Até hoje, aderi a umas duas ou três, mais por consideração aos amigos que me enviaram convites para participar.
Mas confesso que não sou utilizador permanente e assíduo dos referidos canais de comunicação, Limito-me, na maior parte dos casos, a comentar uma ou outra mensagem. Mas, por falta de tempo ou de disposição, confesso também que ignoro uma boa parte dessas mensagens.
Entretanto, os métodos usados para expansão destas redes, são, por vezes, pouco elegantes e nada recomendáveis.
Um destes dias tinha um convite de um estimado colega da blogosfera, para aderir a uma rede que eu desconhecia em absoluto.
Passado um dia, recebi uma mensagem desse amigo, pedindo desculpa, pois teve conhecimento que, abusivamente, foi, em seu nome, enviado o tal convite, para a sua rede de contactos de e-mail.
É claro que o amigo não teve responsabilidade, mas foi-lhe criada uma situação embaraçosa.
Como em todo o lado, na net estamos sujeitos a muita falta de escrúpulos e de ética.

segunda-feira, outubro 26, 2009

O Mundo é a casa de todos.

O que vou escrever tem muito a ver com alguns acontecimentos, mais ou menos recentes que me chegaram através da internet e não só. Em alguns casos (pelo menos dois), relacionados com gente amiga ou amiga de gente amiga.E que me deixaram algo apreensivo.
Vivemos num mundo que se torna gradualmente mais globalizado e multicultural, onde as fronteiras políticas , pouco a pouco, mais se esbatem.
Ou seja, o Mundo, vai-se tornando, cada vez mais "a casa de todos".
Por tudo isto, faz pouco sentido que se olhe para os outros (países, povos) com um sentimento de superioridade que não fica muito distante do chauvinismo.
Assim, senti, por aí, diversas manifestações (algumas até surpreendentes) desta atitude que leva a considerar como atrasados ou ignorantes, aqueles que, com base em pressupostos mais ou menos dogmáticos, consideramos menores do que nós.
Seria bem melhor que, em vez de se fazerem juízos de valor apriorísticos e infundamentados, se tentasse compreender a realidade social e cultural do povo que se critica, para não se cometerem tão injustos como grosseiros erros de apreciação.
É claro que, em todo o lado há gente boa, gente assim-assim e gente má. Em todo o lado, repare-se.
Temos um mundo inteiro para "por em ordem" de tão desarrumado que anda.
Mas isso não se conseguirá fazer, se persistirem sentimentos de superioridade de uns para com os outros.
É que, além do mais, há não muitas décadas, tivemos por aí um trágico exemplo de uma ideologia que afirmava a superioridade de uma raça e que conduziu a uma das maiores barbáries da História.

quarta-feira, outubro 21, 2009

Ele há cada uma!...

Encontrei esta declaração, um destes dias, no JN.
Tudo leva a crer que ela terá a ver com um qualquer processo de heranças.


Mas vejam bem que o "presumível" defunto José, feitas as contas, teria neste momento mais de ...143 anos.



Será que esta ideia saíu da cabeça dos "declarantes", de um sabedor advogado ou será mesmo uma obrigação da Justiça?


Seja como for, lá que é bizarro, lá isso é!...

segunda-feira, outubro 19, 2009

Queremos ter futuro?

O Presidente das Maldivas, num acto simbólico mas cheio de significado, convocou uma reunião do seu gabinete, realizada sob o mar, a quatro metros de profundidade.
Assim, pretendeu chamar a atenção para o aquecimento global do planeta e consequente subida das águas que, a não ser travado, submergirá o arquipélago das Maldivas constituído por 1192 ilhas (de que tanta gente ouve falar por ser um apreciado destino de férias).
E isso acontecerá até ao final do século (que é já ali...) a não ser que sejam tomadas medidas drásticas e urgentes para travar as emissões de CO2.
Em dezembro, em Copenhaga, vai decorrer um Congresso da ONU sobre o Ambiente, que poderá ser decisivo para o nosso futuro colectivo.
Serão as grandes potências mundiais que terão de ultrapassar as meras declarações "para a fotografia" e passarem aos actos efectivos e consistentes de defesa do ambiente.
Mas, nós, cidadãos anónimos, poderemos fazer algo. Quanto mais não seja, engrossarmos um largo movimento de opinião que pressione os decisores a ganharem consciência do dramatismo da situação.

No dia 24 de Outubro, o Movimento 350 promove um conjunto de actividades que pretendem, precisamente, sensibilizar esses decisores para que sejam tomadas medidas que permitam baixar o CO2 existente na atmosfera para 350 partes por milhão (actualmente são 390 partes), valor que ainda permite a reversibilidade da maior parte das alterações climáticas em curso.
Por isso, aderir a esta jornada será um acto que poderá ser importante, tendo em vista a defesa do futuro dos nossos descendentes e da humanidade em geral.
Para conheceres mais pormenores sobre esta iniciativa, vai aqui.

sexta-feira, outubro 16, 2009

Letreiros 17

foto  Addiragram A presente edição da série "letreiros" é composta apenas por uma imagem.
Por uma razão: trata-se de uma foto que a amiga Addiragram teve a gentileza de me oferecer.Este divertido, sugestivo e original documento foi obtido pela amiga, numa das suas muitas deslocações à vizinha Espanha.
Quando passava por uma das ruas de Gijón, a Addiragram deparou-se com este cartaz que chama a atenção dos munícipes para o problema dos cocós caninos (já aqui temos falado disso), de uma forma particularmente apelativa. Então, lembrou-se dos letreiros que aqui vos vou deixando e remeteu-me a imagem.
O meu muito obrigado à autora da foto.

quinta-feira, outubro 15, 2009

Todos nós vivemos no corredor da morte, mas...

Um homem, equatoriano de origem, mas vivendo nos Estados Unidos foi condenado à morte pelo suposto assassinato de duas pessoas. A sentença baseou-se sobretudo no depoimento da sua ex-mulher, com a qual mantinha um litígio pela custódia das filhas.
O homem passou cinco anos numa prisão de alta segurança, três dos quais no corredor da morte.
Depois de muitas petições e pressões internacionais, o cidadão foi devolvido à liberdade, depois de a justiça norte-americana ter concluído ter havido um erro judicial neste caso. É que tanto os testes de ADN como as impressões digitais que se obtiveram a partir de materiais recolhidos no cenário do crime nada tinham o ver com o condenado.
Mas há em toda esta história um paradoxo assinalável.
É que Joaquin, o envolvido nesta história, era adepto incondicional da pena de morte para crimes de homicídio. É claro que depois de viver esta arrepiante experiência mudou radicalmente de opinião e hoje é um activista na luta contra a sua abolição.
Depois de tomar conhecimento de mais este erro que poderia ter sido irremediável, mais se consolidou em mim a convicção de que a pena capital é uma das barbáries que ainda subsiste no nosso mundo.
E fiquei a pensar que, afinal, todos nós, desde que nascemos, permanecemos num "corredor da morte", pois desde esse momento estamos condenados à pena sem retorno.
Mas há uma diferença. Enquanto, supostamente, o corredor da morte de quase todos nós, vai sendo trilhado em liberdade (por vezes mais suposta do que real, é bem verdade...) e não sabendo ao certo quando chegará o momento decisivo, há quem o tenha de o suportar, numa tenebrosa angústia diária, entre as quatro paredes de uma cela, sabendo, ainda por cima, que a sua vida tem um horizonte próximo para terminar.
Acho isto maquiavélico. E por isso inaceitável.

terça-feira, outubro 13, 2009

Consolidar o...futuro?


Durante a recente campanha eleitoral, muitas foram as frases postas a circular. Mais ou menos bombásticas. Mais ou menos criativas. Mais ou menos bem escritas.
Uma delas, chamou-me particularmente a atenção.
Porque nos propõe um raciocínio profundo, de pendor filosófico. Ou, então, obriga-nos a percorrer complexos caminhos da Física.
Com efeito, será possível

"Consolidar o futuro?"

Se presumirmos que o futuro é algo que ainda não existe, será difícil que possa ser consolidado.
Ou será que o futuro é já palpável e, por isso, pode-se agir sobre ele?
Ou, então, será que já existirá alguma teoria física que prevê a possibilidade de criar mecanismos de consolidação de qualquer coisa que existe num tempo que ainda "não é"?
Seja como for, duvido muito que o autor da frase se tenha preocupado minimamente com estas conjecturas.
Para mim, esta frase, usando terminologia algo rasteira, não foi mais do que "uma bojarda" que saíu, disparada mesmo sem apontar.

segunda-feira, outubro 12, 2009

A propósito dos tempos que correm ou Como era a informação nos velhos tempos...

No dia 24 de Agosto de 1957, o Diário de Notícias transcrevia um comunicado da Direcção-Geral de Saúde a tranquilizar a população portuguesa sobre a eventual ameaça de uma epidemia de gripe asiática. “Não há motivo para alarme no nosso país” assegurava o título da primeira página. Todas as providências para enfrentar o perigo tinham sido tomadas pelo Governo, informava o comunicado, e nenhum caso havia sido registado até àquele momento. Não era verdade. Já no início daquele mês alguns doentes passíveis de serem identificados como contaminados pelo vírus H2N2, o causador da doença, tinham ficado internados nos hospitais. Os primeiros casos só foram publicamente reconhecidos cinco dias depois, na primeira página do DN. “A gripe asiática chegou a Portugal, mas não há motivo para alarme".
...
Mesmo sendo público, e cientificamente comprovado pelos laboratórios internacionais, que a gripe era causada por um tipo de vírus, o H2N2, até então desconhecido dos humanos, o Diário de Notícias não resistiu à tentação de divulgar uma outra interpretação, mais em sintonia com a atmosfera política internacional: “A gripe asiática terá sido provocada por uma grande potência comunista para enfraquecer o mundo livre?”, questionava o DN em letras gordas em 17 de Agosto daquele ano.
...
Durante toda a primeira quinzena de Setembro de 1957 a gripe asiática ausentou-se misteriosamente dos jornais portugueses, para retornar a 19 daquele mês. Um artigo no Diário de Notícias relatava que estava debelado o surto de gripe que chegara a atingir 4 mil soldados no Campo Militar de Santa Margarida, no concelho de Constância.


Excertos do Volume 14 de “Os Anos de Salazar” ed. Planeta DeAgostini

sexta-feira, outubro 09, 2009

Coisas simples...

foto Peciscas
foto Peciscas Na auto-estrada A4, aqui bem perto, estão a colocar barreiras acústicas para proteger os moradores mais próximos, do intenso ruído que sempre se origina em vias de grande circulação como esta.
E digo-vos, por experiência directa, que esta é uma solução bem eficaz.
Neste caso, as barreiras são transparentes, de molde a, quem circular na estrada, não fique emparedado, sem vista para a paisagem circundante.
Mas quem planificou o equipamento, teve mais um cuidado. Como a zona ainda conserva bastantes características rurais, circulando por aí bastantes aves, foram colocadas, nas placas, silhuetas de pássaros voando, procurando evitar, desse modo, que haja colisões com os painéis, desses animais voadores, que certamente os deixariam em muito mau estado.
Ao fim e ao cabo, há coisas aparentemente simples que podem evitar inúteis perdas de vidas. Basta ter alguma preocupação nesse aspecto e usar um pouco da massa cinzenta com que a Natureza nos dotou.

quarta-feira, outubro 07, 2009

Uma proposta...


Quando se fala em eleições, ouve-se muitas vezes dizer que o maior partido é o da abstenção. Ou que deveria haver uma forma de os votos em branco terem alguma influência.
Tudo isto significa a descrença na política e nos políticos.
No entanto, com as actuais regras de financiamento dos partidos (que todos eles, como é óbvio aprovaram) tanto faz votar como não votar, tanto faz exprimir uma opção, como votar em branco.
Mas eu acho que tenho uma proposta que era capaz de fazer os políticos pensarem duas vezes, antes de andarem por aí a endrominar o pessoal.
Assim, bastaria fazer uma pequena alteração na tal lei de financiamento. Deste modo, os partidos só teriam direito à totalidade da subvenção do Estado que recebem tendo em conta a votação em cada um, se houvesse uma abstenção de 0%.
Se 10% dos eleitores não comparecessem ou votassem em branco, cada uma dessas subvenções seria reduzida também de 10%. Para 20% de abstenções ou brancos, haveria um corte também de 20% no dinheirinho a atribuir aos partidos.
E assim sucessivamente.

Mas é claro que esta é uma das tais propostas que nunca terá viabilidade de um dia se efectivar.
Ai! Ai! Ai! Que me estão a mexer no bolso, dirão os tais politiqueiros que estã a arredar o povo das urnas.

terça-feira, outubro 06, 2009

Tinosunami?

foto Peciscas
Lembram-se do Tino de Rans. O tal que era calceteiro de profissão, chegou a Presidente de Junta, teve um momento de glória num Congresso do PS, foi vedeta de rádio e televisão, gravou discos...
Pois agora, vendo que a sua aura lhe estava a fugir, regressa, como candidato à Câmara Municipal de Valongo.
Tem andado por aí, em campanha. As pessoas ainda se lembram dele.
Diz o Tino que não tem programa porque "tem pessoas". Se calhar, também não seria capaz de o escrever. Mas promete ser um "Tinosunami"...
Os seus cartazes, traduzem bem a personagem.

Político naif?

Ingénuo?

Saloio?

Hilariante?

Oportunista?

Poderá ser tudo isso, mas não será, certamente, pior que muitos outros engravatados que por aí andam.

domingo, outubro 04, 2009

Morreu Mercedes Sosa


A lendária cantora argentina Mercedes Sosa faleceu hoje, informaram os familiares. Ela tinha 74 anos. "Nesta data, na cidade de Buenos Aires, Argentina, temos que informar que a senhora Mercedes Sosa, a maior artista da música popular latino-americana, nos deixou", diz um comunicado entregue pela família da cantora a jornalistas que estavam na frente da clínica Sanatório de la Trinidad, no bairro portenho de Palermo.

A notícia cai-me no e-mail, pela mão de um amigo e torna ainda mais cinzento este domingo em que a chuva regressa.
Mercedes Sosa foi uma voz da América Latina que era, desde há muito, uma referência para mim.
Não só cultural como também como exemplo de vida.
Esteve muitas vezes com as mães da Praça de Maio, chorando com elas o desaparecimento dos seus filhos, brutalmente assassinados pela cruel ditadura da sua Argentina.
Mercedes partiu fisicamente, mas a sua voz , o seu talento, a sua doçura melódica, ficam aí.
Uma das canções que ela celebrizou, repetia

Gracias a la vida

Também hoje digo

Agradeço à vida ter-nos dado uma mulher como Mercedes Sosa.

sexta-feira, outubro 02, 2009

O nome até era pomposo...

Brincadeira?
Já tinha passado algumas vezes por este local e julgava que aquele dístico pintado no muro, seria mais uma daquelas pichagens de teor mais ou menos humorístico que por aí abundam.

Mas um destes dias, parei mesmo e descobri que ali não há propriamente humor nenhum, mas simplesmente mais um daqueles negócios imobiliários em que as promessas não são cumpridas.
Aqueles tapumes e aqueles muros de blocos, seriam, supostamente, a imponente entrada de um condomínio privado. Com um nome bastante pomposo.
E o letreiro, em vez de pintado à mão, deveria, talvez, ser constituído por letras de metal dourado, cravadas numa bonita parede de granito.
Ou seja, os sonhos dos compradores dos andares ficaram a meio caminho da concretização.
O prédio existe, mas o que falta fazer também. Para além da entrada do condomínio, faltarão os equipamentos prometidos (pois o que se entrevê para lá dos tapumes é só mato) e mesmo as aberturas das garagens mostram que, por ali, a obra não acabou.

De passagem, pode-se apreciar a qualidade da construção, com o edifício, ainda recente, já a mostrar claros sinais de degradação.
Enfim, mais um exemplo de como há cidadãos que continuam a ser enganados, com falinhas mansas e muita impunidade.





quarta-feira, setembro 30, 2009

Obrigado Laura!


Há tempos, na última página do JN, vinha uma notícia que inevitavelmente me chamou a atenção. A Laura de Jesus, a "Laurinha da Unicepe" ia-se reformar, após 40 anos de trabalho.
Para quem não saiba, a Unicepe- Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, foi fundada em 1963, por um grupo de jovens estudantes que assim quiseram criar mais uma âncora de resistência cultural à ditadura.
Orgulho-me de ser um dos seus primeiros sócios, de ter sido seu dirigente e funcionário, até perto dos anos setenta.
E lembro-me muito bem da chegada da Laura à Unicepe. Primeiro, como empregada do pequeno bar que tínhamos, fazendo também limpezas. Entrando timidamente para um meio de gente com habilitações literárias de nível superior e, ainda por cima, não muito bem vista pelas "autoridades" de então.
Mas, apesar da sua escolaridade não ser elevada, a Laurinha, mulher inteligente , foi-se integrando no espírito da cooperativa, foi aprendendo mais e mais sobre livros e cultura, até se tornar uma peça-chave do funcionamento da Unicepe.
Agora, a Laurinha, aos 64, vai embora, com muitas recordações para evocar.
Sobre muitos vultos da cultura nacional que passavam por aquelas salas de um vetusto edifício da Praça de Carlos Alberto, onde ainda hoje se encontram as instalações.
E sobre um tempo de medos e coragens, que por ali vivíamos, sempre com a perspectiva de nos entrarem pelas portas adentro, aqueles vultos cinzentos e sombrios, para quem a cultura, como a Goebells, fazia "puxar da pistola".
Foi com pessoas como a Laura de Jesus que a Unicepe conseguiu resistir a muitas crises e a muitos obstáculos.
Em nome dos pioneiros da Unicepe, em memória desses tempos que agora recordamos, por toda a tua dedicação, por teres sabido sempre "vestir a camisola" da nossa Cooperativa,
OBRIGADO LAURINHA!