Um homem, equatoriano de origem, mas vivendo nos Estados Unidos foi condenado à morte pelo suposto assassinato de duas pessoas. A sentença baseou-se sobretudo no depoimento da sua ex-mulher, com a qual mantinha um litígio pela custódia das filhas.
O homem passou cinco anos numa prisão de alta segurança, três dos quais no corredor da morte.
Depois de muitas petições e pressões internacionais, o cidadão foi devolvido à liberdade, depois de a justiça norte-americana ter concluído ter havido um erro judicial neste caso. É que tanto os testes de ADN como as impressões digitais que se obtiveram a partir de materiais recolhidos no cenário do crime nada tinham o ver com o condenado.
Mas há em toda esta história um paradoxo assinalável.
É que Joaquin, o envolvido nesta história, era adepto incondicional da pena de morte para crimes de homicídio. É claro que depois de viver esta arrepiante experiência mudou radicalmente de opinião e hoje é um activista na luta contra a sua abolição.
Depois de tomar conhecimento de mais este erro que poderia ter sido irremediável, mais se consolidou em mim a convicção de que a pena capital é uma das barbáries que ainda subsiste no nosso mundo.
E fiquei a pensar que, afinal, todos nós, desde que nascemos, permanecemos num "corredor da morte", pois desde esse momento estamos condenados à pena sem retorno.
Mas há uma diferença. Enquanto, supostamente, o corredor da morte de quase todos nós, vai sendo trilhado em liberdade (por vezes mais suposta do que real, é bem verdade...) e não sabendo ao certo quando chegará o momento decisivo, há quem o tenha de o suportar, numa tenebrosa angústia diária, entre as quatro paredes de uma cela, sabendo, ainda por cima, que a sua vida tem um horizonte próximo para terminar.
Acho isto maquiavélico. E por isso inaceitável.
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