sábado, abril 16, 2005

UMA HISTÓRIA REAL

Image hosted by Photobucket.com 21 de Maio de 2003, fim de tarde sufocante no Estádio Olímpico de Sevilha. Uma hora antes de se iniciar a final da Taça Uefa, na bancada onde se amontoavam alguns milhares de portugueses.
Não se disfarça o nervosismo.
Um momento de alguma agitação, porque sobe os degraus, apressado, Fernando Rocha,o contador de anedotas. Muita gente dirige-lhe saudações e cumprimentos. É uma figura pública. Ele retribui, sorridente, acenando para todo o lado.
Mais abaixo, encostado a uma grade, uma personagem que não desperta a atenção de ninguém. Calças de ganga coçadas, uma t-shirt azul desbotado, come uma vulgar sandocha de presunto. Ao mesmo tempo, tamborila, nervosamente, e com alguma violência, com a mão esquerda nos ferros. Dir-se-ia que está habituado a usar as mãos numa profissão que as endurece e as torna resistentes a rudes golpes.
Mas não era assim. Aquele sujeito aparentemente insignificante era o Pedro Burmester, pianista com presença relevante e destacada no panorama artístico mundial. Quem o terá reconhecido?
Mas ele estava ali, num dos lugares mais baratos e anónimos do estádio. Nas tribunas VIP e nas bancadas cativas de maior categoria, deputados, ministros,artistas, jornalistas.
O pianista escolheu estar ali, anónimo e simples.
Num momento em que muito se fala da inauguração da Casa da Música de que foi considerado o mentor inicial e de cujo projecto haveria de ser afastado, ocorreu-me esta história real e constatada.
Talvez queira dizer alguma coisa. Para que se perceba que, algumas figuras menores, têm que se pôr em bicos de pés para serem vistas. Outras, não precisam de tal, simplesmente, porque já são grandes por natureza.

sexta-feira, abril 15, 2005

SOU UM PRIVILEGIADO 2

Há uns tempos, falei aqui sobre um dos comentadores estabelecidos na praça pública nacional, que definia várias classes profissionais como privilegiadas. Os professores estavam lá.
Agora tenho de voltar ao assunto porque outro desses comentadores, Miguel Sousa Tavares,voltou ao ataque contra as tais classes mais favorecidas. Os professores estavam lá outra vez. Estes homens estão a repetir-se. Talvez porque, como têm que produzir prosas e intervenções todas as semanas, às tantas têm que pegar nos temas uns dos outros.
Em artigo saído no "Público" de 8 de Abril, entre outras afirmações peremptórias, bem ao jeito auto-suficiente que lhe é habitual, produziu a espantosa afirmação de que os desalmados dos professores tinham 131 dias de trabalho e 234 dias de folga.
Faz o MST estas contas: 90 dias de férias de Verão;15 de Páscoa, 15 de Natal, 7 de Carnaval, 7 de feriados e (pasmem-se) 104 de fins-de-semana(52 semanas vezes 2 e aqui, o Senhor Tavares volta à argolada, pois conta fins-de-semana que já incluíu na Páscoa, Natal, Carnaval e Verão -chama-se a isto desonestidade intlectual) . Ainda por cima, não sabe somar, pois estes números totalizariam 238 (o que quer dizer que ainda teríamos mais 4 dias de malandrice e só 127 de trabalho).
É claro que quem minimamente conhece a realidade escolar, sabe que estes números são disparatados. Mas o mal é que, muita gente, que já está de pé atrás contra a classe, vai agravar a sua antipatia, com estas aleivosias envinagradas.
MST escreve mentiras, disparates e inverdades.
Mentiras várias: nenhum professor tem 90 dias de férias de Verão. Oficialmente só tem, no melhor dos casos, 32 dias. MST confunde férias de professores com férias de alunos (deliberadamente, ou por ignorância?). E mesmo assim, estaria a disparatar, porque, actualmente, nem os alunos têm 90 dias de férias.Os que não têm exames, terminam as aulas no final de Junho e recomeçam cerca de 15 de Setembro ( Senhor Tavares, isso não dá 90 dias, não é?); nenhum professor pode pedir férias antes de 15 de Julho e tem de as terminar a 31 de Agosto (90 dias, Senhor Tavares?); os professores do ensino básico e secundário, julga MST que, na Páscoa e no Natal, não têm que avaliar os alunos, ou seja, julgará que as classificações são dadas em tempo de actividades lectivas;no Carnaval, há 3 dias de interrupção de aulas (onde é que o Senhor Tavares foi buscar 7 dias ?).
Inverdades: julgará MST que não há professores ocupados, depois do final das aulas, designadamente, com serviço de exames, quase até final de Julho; saberá MST que para além do período oficial de férias, qualquer professor terá de estar disponível para se apresentar na escola, caso o órgão de gestão o convoque?; julgará o MST que os professores apenas trabalham quando dão as aulitas?não têm que as preparar?não têm testes para ver?não têm livros profissionais para ler?não têm reuniões? não têm que efectuar diverso trabalho burocrático, tal com matricular alunos? (o Senhor Tavares só trabalha quando aparece na TVI, ou nos dias em que aparecem escritos seus nos jornais?).
Disparates: então o MST contabiliza, na malandrice dos docentes, 104 fins-de-semana? Deveríamos trabalhar, ao contrário da maioria dos outros profissionais, também aos Sábados e Domingos, mesmo nas férias? (mas saiba o Senhor Tavares que há docentes que, por vezes, trabalham mesmo ao Sábado). Ou será que MST acha que a chamada "semana inglesa" já implantada há tantos anos, terá de ser banida em Portugal.
Devo dizer que já tenho subscrito muitas das opiniões que MST vende em diversos locais.Mas quem tem antenas disponíveis para influenciar a opinião pública, ainda por cima recebendo por isso, terá, no mínimo, de estar bem informado, para não mentir, não insultar, não disparatar.
E já vai havendo falta de pachorra para aturar estas cassetes que alguns insistem em rebobinar a cada passo.
É que tudo isto vai tendo efeitos perversos. Por exemplo na crescente indisciplina que vai ocorrendo nas escolas. Pois que respeito há-de ter um aluno, um encarregado de educação perante profissionais que deste modo tão leviano, são apresentados à sociedade como uma classe parasitária?

quinta-feira, abril 14, 2005

RESPONDENDO AO DESAFIO

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A Mushu meteu-me em trabalhos. Envolveu-me na corrente "Ex-Libris da Tugosfera".
Há uma série de perguntas a responder, com toda a sinceridade, é claro e, depois nomear outras três pessoas, para prosseguir.
Vamos, então a isso!

Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro querias ser?

Seria, por exemplo, "Os Capitães da Areia" do Jorge Amado. Ou outro, ou outro. Sou capaz de ter diversos heterónimos.

Já algumas vezes ficaste apanhadinho(a) por uma personagem de ficção?

Na minha juventude sim: pelo Sandokan, "O Tigre da Malásia".

Qual o último livro que compraste ?

Comprei dois (tive de encomendar) do Mário-Henrique Leiria: "Contos do Gin-Tonic" e "Novos Contos do Gin". Quem passa pelo Peciscas já deve ter dado conta disso.

Qual o último livro que leste?

Eu, pecador me confesso. Até ao finzinho mesmo, o último foi "O ano da Morte de Ricardo Reis".
Porque ando sempre às voltas com uma série deles que vou lendo, conforme a disposição e o tempo.

Que livro estás a ler?

Conforme digo atrás, há por aí uns poucos. Os ditos cujos do Leiria. O "Código Da Vinci" que, como diz a Mushu, quase toda a gente leu (como vês não és a única). O "Cão como nós" do Manuel Alegre". O "Ensaio sobre a Lucidez" do Saramago. E, se calhar, não digo todos.

Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?

"A Cidade e as Serras" do Eça (teria uma certa analogia com a situação). Um livro qualquer do Jorge Amado. A Poesia Completa do António Gedeão. Um manual de sobrevivência (amanhã vou ver se a fnac tem). E o grande "Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea" da Academia de Ciências de Lisboa, que, se a estada na ilha fosse muito prolongada, dava para ocupar uma eternidade de tempo.

A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?

1 - À Ana porque é uma pessoa sensível e foi a primeira que me apareceu a dar boas-vindas, quando comecei a andar por aqui.
2 - Ao Armando Ésse, visitante assíduo deste espaço e com o qual tenho, já descobri, afinidades intlectuais.
3- À Malae, porque com o nick e com o nome do blog, me faz relembrar dois anos inesquecíveis que vivi em Timor.

e os vencedores são:

todos os que não puxam da pistola (como fazia o amigo do hitler) quando ouvem falar de cultura.

terça-feira, abril 12, 2005

A CONCURSO

Correspondendo ao desafio da Robina, secundado pela Mushu, aqui está a minha proposta para o concurso "Mister T-shirt seca", que já está a votos no "Bosque da Robina".
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Ou, esta (que aparece, só aqui e extra-concurso)
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É só escolher!

Não é para ganhar, porque o que interessa é competir.

domingo, abril 10, 2005

ISTO ANDA UM BOCADO PARADO!

Ou é da minha vista ou as coisas andam um bocado paradas no mundo da blogosfera.
Posta-se pouco, posta-se curto e circula-se quase nada.
Há mesmo bastante gente a fechar, a suspender ou ausentar-se por tempo indeterminado, sem qualquer explicação.
Será que é por causa do sol e da Primavera, que traz apelos bem mais interessantes do que os que levam a estar em frente a um computador?
Será que o pessoal está a ver as notícias do congresso ou está a ver a bola?
Quem está cá há mais tempo e sabe mais destas coisas, que responda!