Depois de me ter aposentado, quando me deparo com alguém que me conhece e sabe do meu estado laboral, não deixa de me perguntar:
-E agora, o que é que fazes?
Confesso que tenho cada vez mais dificuldade em responder.
Porque dizer que continuo a levantar-me cedo, que, todos os dias faço quase uma hora de marcha, que leio calmamente os jornais ou um livro, que ouço música, que, à tarde, passo algumas horas na internet, a actualizar o Peciscas, a visitar blogs amigos, a ler e escrever e-mails, a conversar com gente amiga, com o Google Talk ou o MSN não convence ninguém. De facto, depois de enunciar todas estas actividades, o comentário é, normalmente:
-Quer dizer, não fazes nada!
E logo a seguir, vem o conselho:
-Tem cuidado. Tens de arranjar alguma coisa para fazer, porque a inactividade é perigosa!
É que as pessoas parece que interiorizaram que só continua activo quem, de algum modo, desempenha uma actividade profissional, remunerada ou não. Ou seja, no meu caso, continuar a dar umas aulitas, uma explicações, ou coisa do género.
O poder usufruir do resto dos meus dias, de um modo mais livre e gostoso (este é um termo brasileiro que aprecio), parece que não é lá muito bem visto.
E ainda causa muita confusão, a muita gente, esta coisa de andar na internet, de aqui construir amizades ( a que chamam virtuais, mas que, se calhar, são tão reais como as outras - e ainda vou ter de falar nisso um destes dias), como se isto fosse um pecado, um vício, uma limitação de relacionamento.
Mas, na fase da vida a que cheguei, já não dou demasiada importância a estas apreciações críticas que me vão aprecendo.
O que quero, verdadeiramente, e o mais possível, é sentir-me bem naquilo que faço, respeitando o que os outros dizem, mas seguindo o meu próprio caminho.
Mesmo sem fazer nada...
2 comentários:
Pois, e já fazes bastantes coisas. Eu antes de arranjar emprego tinha coisas para fazer, que ainda faço, mas agora em menos tempo: actividades do grupo de jovens, grupo coral, banda, explicações de ingles...
Peciscas
Pois continua sem fazer "nada" se é isso que te dá prazer. Segue o caminho mais gostoso e estarás de bem contigo. Aguardo essa situação.
Quanto ao post sobre as amizades reais e virtuais ,que um dia hás-de escrever,fico esperando com muito gosto.
Beijinhos
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