Chegava sempre, pontualmente ao fim da tarde, ao bairro de Évora onde eu morava.
Empurrava um velho carrinho, com duas rodas de bicicleta, carregado daquelas iguarias que apetecíamos : tremoços, amendoins, pevides, rebuçados, bolos e outras guloseimas. E “padinhas”.
Apregoava:
-Olá a bela padinha boa!
Se tínhamos um ou dois tostões, só podíamos comprar tremoços, rebuçados ou pevides.
Cinco tostões, davam à certa, para a tal padinha, um bolo seco, que, ainda assim, era devorado com gula.
Mas, se os fundos eram um pouco mais altos, quer dizer, se tínhamos disponível a larga fortuna de um escudo e vinte centavos, então, supremo requinte, poderíamos chegar a um pastel. Que tínhamos direito a tirar da caixa com a respectiva pinça.
Um dia, estava doente e, ouvindo o pregão do Ti Mariano, não pude ir à rua, cumprir o ritual da compra. Pedi à minha mãe que fosse lá abaixo e pedisse ao velhote, dois tostões de tremoços.
Mas, como a minha mãe estava com “roupa de andar por casa” teve vergonha de se deslocar até ao outro lado da rua onde o Ti Mariano tinha parado o carro. E pediu-lhe, da porta, os tais tremoços.
Então, para surpresa sua, viu o homem, tirar um par de muletas que trazia presas aos varais do carro e, com grande dificuldade, lá se chegou à porta onde a minha mãe o esperava, bastante pesarosa por ter provocado aquele sacrifício ao simpático velhote.
Quando a minha mãe me relatou a cena, fiquei igualmente aborrecido por ter causado transtorno ao Ti Mariano, que, como sempre tinha visto caminhar agarrado ao carrinho, não imaginava ser portador de qualquer incapacidade física.
E, desde esse dia, passei a respeitar de outra forma, aquele pregão que chegava, pontualmente, ao fim do dia:
-Olha a bela padinha boa!
Empurrava um velho carrinho, com duas rodas de bicicleta, carregado daquelas iguarias que apetecíamos : tremoços, amendoins, pevides, rebuçados, bolos e outras guloseimas. E “padinhas”.
Apregoava:
-Olá a bela padinha boa!
Se tínhamos um ou dois tostões, só podíamos comprar tremoços, rebuçados ou pevides.
Cinco tostões, davam à certa, para a tal padinha, um bolo seco, que, ainda assim, era devorado com gula.
Mas, se os fundos eram um pouco mais altos, quer dizer, se tínhamos disponível a larga fortuna de um escudo e vinte centavos, então, supremo requinte, poderíamos chegar a um pastel. Que tínhamos direito a tirar da caixa com a respectiva pinça.
Um dia, estava doente e, ouvindo o pregão do Ti Mariano, não pude ir à rua, cumprir o ritual da compra. Pedi à minha mãe que fosse lá abaixo e pedisse ao velhote, dois tostões de tremoços.
Mas, como a minha mãe estava com “roupa de andar por casa” teve vergonha de se deslocar até ao outro lado da rua onde o Ti Mariano tinha parado o carro. E pediu-lhe, da porta, os tais tremoços.
Então, para surpresa sua, viu o homem, tirar um par de muletas que trazia presas aos varais do carro e, com grande dificuldade, lá se chegou à porta onde a minha mãe o esperava, bastante pesarosa por ter provocado aquele sacrifício ao simpático velhote.
Quando a minha mãe me relatou a cena, fiquei igualmente aborrecido por ter causado transtorno ao Ti Mariano, que, como sempre tinha visto caminhar agarrado ao carrinho, não imaginava ser portador de qualquer incapacidade física.
E, desde esse dia, passei a respeitar de outra forma, aquele pregão que chegava, pontualmente, ao fim do dia:
-Olha a bela padinha boa!
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