Como acontecia na maior parte dos casos naquele tempo, nasci em casa.
Mais propriamente na casa do avô Aleixo, numa aldeia do interior tansmontano.
Passado algum tempo, talvez um mês depois, o bom do Aleixo foi tratar de me registar (o meu pai, nessa altura, estava a trabalhar numa terra distante).
Assim, foi à sede do concelho e dirigiu-se à repartição respectiva da câmara municipal.
Lá foi fornecendo os dados que o funcionário lhe ia pedindo. Nome do rebento, nomes dos pais,...
O problema apareceu quando lhe foi perguntado:
- E em que dia nasceu o rapaz?
Aí, o meu avô, um galego que fez a sua vida em Portugal, à custa de muito trabalho e sacrifícios e era um homem de pouca instrução, ficou bloqueado.
- Ora, sei lá ao certo... Foi no dia da feira lá da terra...
Mas havia que resolver a questão. O funcionário, consultando o calendário, foi aventando datas que coincidissem com a dia da semana em que tinha havido feira lá na minha terra natal.
E, depois de várias "negociações" os dois chegaram a um consenso.
E fui registado como tendo nascido em 11 de Agosto.
Quando o avô Aleixo chegou a casa e mostrou a cédula que lhe tinham dado, a minha mãe ficou estupefacta.
-Ó paizinho, então foi registar a rapaz com uma semana de antecipação?
Assim, se a versão dos meus pais está correcta (e tudo leva a crer que sim), oficialmente sou uma semana mais velho do que realmente sou.
E daí não virá nenhum mal ao mundo.
1 comentário:
Passando aqui...gostei do texto,
abraços
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