Um destes dias ouvi uma entrevista com o jornalista Luis Castro que, se não estou em erro, trabalha para a televisão.
Ele tem actuado, designadamente, em cenários de guerra e em zonas onde ocorrem catástrofes.
Segundo disse, já assitiu à morte de um soldado que se esvaia em sangue e já teve uma criança a agonizar nos seus braços. Sem nada poder fazer, acrescenta.
E disse mais.
Depois dessas ocorrências, quando regressa a Portugal e "à vida de todos os dias" nota que reformula o seu modo de encarar as ocorrências desse quotidiano.
Aquilo que antes considerava como "problemas", como, por exemplo, a atitude do espertalhão que o ultrapassa numa manobra suicida, ou aquela avaria inesperada do computador, passam a ser meros contratempos sem grande significado.
Porque, acrescenta, problemas autênticos são mesmo aqueles que presenciou directamente: a miséria, a fome,a doença, a guerra.
E têm razão. É claro que cada um de nós tende a dimensionar as vicissitudes com que se depara, de acordo com os contextos particulares e pessoais em que ocorrem. E quem sou eu para dizer que aquilo que o outro está a sentir, não é, verdadeiramente, "um problema"?
No entanto, devo confessar que, depois de ouvir aquela entrevista, também eu acabei por sentir alguma modificação no meu comportamento.
Perante as chamadas "chatices" com que me vou defrontando dou por mim a pensar:
-António, não dramatizes ! Olha que há coisas bem piores!Dá graças por não as estares, neste momento, a viver!
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