Chega agora ao fim, o longo post interactivo em que se debateu a questão das amizades que se podem (ou não) construir através da Internet.
Devo dizer que a ideia de conversar convosco sobre este tema nasceu de um reflexão muito pessoal. É que, ao longo destes últimos anos foram-me acontecendo surpresas bem agradáveis. Quase sem dar conta, gradualmente, comecei a verificar que havia um núcleo de pessoas, de quem já não dispensava a presença e que, me apareciam a “bater à porta” quase todos os dias. E que me deixavam palavras que demonstravam, carinho, proximidade, afecto.
E eu perguntava-me: mas como é que isto aconteceu?
Eu ouvia e lia, há muito, ecos de grandes preocupações sobre o uso destes novos meios tecnológicos e confesso que inicialmente, também parti para esta “aventura” algo desconfiado. Embora também já soubesse que preconceitos com as formas de comunicação que vão aparecendo, são de sempre. Assim sucedeu com o correio, com o telefone, com a televisão e por aí fora.
Mas bem cedo percebi que o “mal”ou o “bem” não estará nunca nos meios de aproximação que se utilizam. Tudo depende daquilo que as pessoas já são. Do seu carácter, da sua formação, dos seus sentimentos., da sua cultura, da sua inteligência.
Então, concordo, com a generalidade do que vocês disseram: as amizades que se constroem através da net e, designadamente com a blogosfera, são bem reais. Porque “do outro lado da linha” está sempre uma pessoa. Com as suas virtudes, com os seus defeitos, com a sua história de vida. Não é um robot que nos responde (embora até já haja por aí utensílios tecnológicos desse tipo).
Por outro lado, é bem verdade que, entre tanta gente boa também, circula algum “lixo” (para usar a expressão de uma das minhas amigas). Mas quem ignora que, por carta, por telefone, num café, ao cruzar numa esquina, há sempre a possibilidade de nos aparecer um vigarista, um sedutor de falinhas mansas, um vendedor de ilusões, um predador pronto a atacar uma vítima mais desprotegida? Para essas situações, temos de estar prevenidos, atentos e criarmos defesas. Defesas que terão de vir, sobretudo, da razão, que nos deve alertar e que, em certas circunstâncias, deve fazer tocar a campainha de alarme.
Também estou de acordo com quem disse que, estas novas tecnologias, ao invés de contribuírem para o isolamento das pessoas, podem ser uma forma de aproximação que contraria a tendência para o isolamento e para o egoísmo que as sociedades actuais mais desenvolvidas, com o seu frenesim competitivo, estão a estimular crescentemente.
E eu tenho exemplos bem vivos dessa realidade.
Através da net, através da blogosfera, compartilhei emoções, pontos de vista, alegrias e tristezas. Senti o eco da solidariedade, do apoio. Mas também do humor e da alegria de viver. Assim, posso dizer que tenho por aí amigos e amigas que já não dispenso. Amigos e amigas de todas as gerações, com diversas maneiras de ser e de pensar e que aprendi a amar (terá aqui o termo “amor” uso adequado? – ainda haveremos de falar mais disso).
Com o e-mail, com o Messenger, troquei confidências, amarguras, angústias, solidariedades, sorri, emocionei-me, dei-me mais a conhecer, conheci melhor outras pessoas, até aí anónimas e distantes. Com algumas, até tive o grato prazer do encontro pessoal que me fez comprovar a imagem positiva que já tinha construído.
Mais recentemente, através da descoberta do Google Talk, pude mesmo falar, de viva voz, com gente muito boa, que está mais perto ou que está mais longe. E aí, a proximidade fica mais íntima. É assim que, a cada passo, acontece ouvir vozes amigas. De conversar sobre coisas triviais do dia a dia, de trocar gargalhadas, mas também de sentir as lágrimas, de trocar preocupações sobre o que nos inquieta, antecipar encontros, deixar uma palavra que possa ajudar a superar um mau momento.
E se tudo isto é virtual, então já não sei o que será a realidade.
No final desta conversa que, afinal se estendeu mais do que inicialmente supunha, quero agradecer a todos e a todas que quiseram participar e nos acompanharam durante estes dias. Se mais não houvesse, bastava este facto para garantir a realidade das amizades que granjeei, desde que, em boa hora comecei a andar por aqui.
E cá por mim, de hoje em diante, dificilmente voltarei a usar a palavra “virtual” para vos designar, minhas amigas e meus amigos.
1 comentário:
Pois é, este é um espaço que tem coisas e boas tal como todos os outros! ;)
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