Quando fiz a recruta, naquele enorme casarão que é o Convento de Mafra, na minha caserna havia um companheiro de infortúnio que se destacava pela sua altura. De facto, não chegava a ter um metro e meio. É preciso notar que, naqueles tempos de guerra colonial, iam para as fileiras do exército, praticamente todos os homens que atingissem a idade militar. Porque, em circunstâncias normais, nunca seria escolhido quem tivesse menos de um metro e sessenta.
E porque era baixinho, ganhou rapidamente a alcunha de "Ponto de Mira".
Para quem não saiba, o ponto de mira de uma arma é um pequeno dispositivo, colocado na extremidade do cano, e que serve para se fazer pontaria no disparo.
Este camarada tinha diversas particularidades que o tornavam uma personagem interessante.
Assim, apesar das suas diminutas dimensões, o "Ponto de Mira" dormia...sentado na cama. O pessoal, no gozo, dizia que seria ...por falta de espaço.
Mas o pior é que este militar tinha o condão de adormecer em qualquer lado e com uma rapidez impressionante. Assim, quando estávamos na instrução e havia os tradicionais dez minutos para espairecer, fumar um cigarro ou simplesmente conversar, era certo e sabido que o PM se encostava a uma árvore e partia para os braços de Morfeu.
De tal forma que, muitas vezes, reatada a instrução e a caminhada, era preciso andar a vistoriar a mata, para descobrir o sonolento soldado.
E quantas vezes o perdemos!
2 comentários:
LOL, espectacular!
haha muito bom
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