quinta-feira, abril 17, 2008

Há que dar uma grande volta a tudo isto

O Raul, do blog Sidadania, está a pedir que se escreva sobre o HIV/ SIDA.
Correspondo a esta campanha, por considerar que é necessária uma união de esforços e vontades para que se possa, ainda que gradualmente, combater todo um clima de desinformação e de má-formação, que rodeia este assunto.
Ser solidário com aqueles e aquelas que um dia, por infortúnio ou descuido, foram infectados,ou que já nasceram com essa infecção, não é só aliviar a consciência com um donativo, numa data ou campanha qualquer.
Para esta questão, como para muitas outras, o segredo, se é que o há, é conseguirmos colocar-nos na pele dos outros. Perceber como gostaríamos que nos tratassem, se estivessemos a viver esse problema.
O grande obstáculo é que esta sociedade desumanizada, em que os valores da solidariedade e do afecto, se vão perdendo, nos transforma em seres egoístas, mas, contraditoriamente, espectadores ávidos de tragédias alheias.Para nos fingirmos cumpungidos e condoídos.
Dizemos que sim senhor, que compreendemos o problema dos portadores do HIV/SIDA, mas, à mínima suspeita de que estamos perto de alguém nessas condições, começamos a arranjar mil e uma desculpas e justificações para nos afastarmos, para nos "defendermos".
Trabalhei muitos anos em meio escolar e sei bem o que é a discriminação. De pais que, perante a existência de crianças "diferentes"( e no mundo há tantas diferenças...), não se coibem de aparecer na escola (que, muitas vezes, até ignoram) para sugerir segregações.
Neste sentido, têm vindo a lume revelações que apontam para a "clandestinidade" em que têm de viver muitas centenas de crianças nas nossas escolas, designadamente por serem portadoras do vírus. E esta situação de clandestinidade é, certamente, torturante e motivadora de uma aniquilante sensação de frustração.
Há que dar uma grande volta a tudo isto. Não uma, mas muitas voltas.
E se calhar, o que mais faz falta, para além de "avisar a malta"(como dizia o grande Zeca Afonso), é começar a investir fortemente na chamada "educação dos afectos".
E quantas vezes, por onde se tem de começar é por cada um de nós.
É que só pode gostar dos outros, só pode compreendê-los e apoiá-los, quem começar por gostar de si próprio.

1 comentário:

Andreia disse...

Concordo contigo!