Sim, uma carta, daquelas que a gente escrevia à mão, com caneta, para depois dobrar, colocar num envelope e enviar a alguém, pelo correio.
Estou a falar de cartas pessoais e não daquelas coisas tipo ofício, a enviar documentos, a fazer uma reclamação... Essas são "oficiais".
Durante uma parte significativa da minha vida, trocava correspondência, assiduamente, com amigos e amigas, que ia conhecendo na escola e fora dela.
Nesses tempos, em que as comunicações não eram tão céleres como actualmente, esperar pelo carteiro para ver se ele trazia a tão ansiada resposta, era um ritual onde se misturavam impaciência, ansiedade e alegrias.
Algumas dessas relações epistolares (e não só) perduraram longos anos.
Quando vivi dois anos muito longe daqui,em Timor, eram precisamente as cartas que, de algum modo, me mantinham "perto" daquilo que para trás tinha deixado.
As cartas ou os chamados "aerogramas". Estes, eram meios postais que o designado Movimento Nacional Feminino facultava aos militares e suas famílias, no tempo da guerra colonial e que não pagavam selo, pois eram transportados gratuitamente pela TAP.
Os aerogramas chegavam semanalmente. Em regra, num pequeno conjunto, mas escritos, na origem, em datas diferentes . O dia da distribuição desse correio, era um dia em que se roíam as unhas.
Quantos aerogramas vou ter?
Terei novidades lá de casa?
Às vezes, não vinha nada e sobrava a desilusão. Perguntava-se ao soldado que fazia a distribuição:
-Não tens mais nada?
Mas quando chegavam, os tais aerogramas eram lidos, logo ali, de fio a pavio, no maior recolhimento.
Nessas alturas, o quartel ficava mais silencioso.Uma ou outra lágrima, teimosa, rolava.
Aqueles papéis, amarelos ou azuis, tão leves e finos, eram, no fundo, o ténue fio que nos mitigava a saudade.
Estou a falar de cartas pessoais e não daquelas coisas tipo ofício, a enviar documentos, a fazer uma reclamação... Essas são "oficiais".
Durante uma parte significativa da minha vida, trocava correspondência, assiduamente, com amigos e amigas, que ia conhecendo na escola e fora dela.
Nesses tempos, em que as comunicações não eram tão céleres como actualmente, esperar pelo carteiro para ver se ele trazia a tão ansiada resposta, era um ritual onde se misturavam impaciência, ansiedade e alegrias.
Algumas dessas relações epistolares (e não só) perduraram longos anos.
Quando vivi dois anos muito longe daqui,em Timor, eram precisamente as cartas que, de algum modo, me mantinham "perto" daquilo que para trás tinha deixado.
As cartas ou os chamados "aerogramas". Estes, eram meios postais que o designado Movimento Nacional Feminino facultava aos militares e suas famílias, no tempo da guerra colonial e que não pagavam selo, pois eram transportados gratuitamente pela TAP.
Os aerogramas chegavam semanalmente. Em regra, num pequeno conjunto, mas escritos, na origem, em datas diferentes . O dia da distribuição desse correio, era um dia em que se roíam as unhas.
Quantos aerogramas vou ter?
Terei novidades lá de casa?
Às vezes, não vinha nada e sobrava a desilusão. Perguntava-se ao soldado que fazia a distribuição:
-Não tens mais nada?
Mas quando chegavam, os tais aerogramas eram lidos, logo ali, de fio a pavio, no maior recolhimento.
Nessas alturas, o quartel ficava mais silencioso.Uma ou outra lágrima, teimosa, rolava.
Aqueles papéis, amarelos ou azuis, tão leves e finos, eram, no fundo, o ténue fio que nos mitigava a saudade.
2 comentários:
Quando era pequena também escrivia muitas cartas, depois veio a internet...
isso me lembrou que as famosas cartas de namorados que se guardavam, também acabaram. Não consigo imaginar alguém mantendo na memória do computador um e-mail de amor...
Embora esteja cada vez mais difícil um amor que dure como as cartas de antigamente :(
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