Faz neste mês de Junho, 50 anos que foi publicado, pela Livraria Bertrand, o romance "Quando os Lobos Uivam" de Aquilino Ribeiro.
Posso dizer que este foi um dos livros da minha vida.
Para quem não tenha lido, adianto que esta obra retrata uma revolta popular em defesa de terrenos baldios, que uma empresa queria retirar ao usufruto das populações locais, para os entregar a uma empresa florestal. E tudo isto a decorrer em pleno "Estado Novo".
Mestre Aquilino que veria, como é óbvio, o seu romance apreendido, e a sua liberdade posta em causa, descreve, com particular rigor, os pequenos e grandes caciques locais, os bufos, os agentes da polícia política, o frio e implacável gestor alemão da empresa ocupante. E também os heróis populares que ousaram enfrentar a força da tirania.
Li o livro, numa edição supostamente brasileira, que por aí circulava clandestinamente, sendo obtido em algumas livrarias "de confiança", e "por baixo do balcão".
Mais tarde haveria de saber que, afinal, o editor não era brasileiro. Funcionava algures, na zona da grande Lisboa e pertencia a um indivíduo que agia com objectivos meramente comerciais e não políticos. Entendeu que, fazendo edições de livros proibidos pelo regime, com uma chancela editorial, localizada fora do pais, poderia obter lucros fáceis. Até porque não pagava direitos de autor, nem impostos.
Mas, seja como for, "Quando os Lobos Uivam" é um documento que marcou uma época.
1 comentário:
Bem esperto foi esse editor!
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