"É nesta política de galinheiro que estamos. De galinheiro e não de aviário. As crianças, os jovens,na sua maioria, vão cada vez mais ao cercado para encontrar os parceiros, deambular, cacarejar, mostrar as penas, arrastar a asa, bicando-se uma vez por outra, numa assustadora alienação. Por isso se exige que se discutam com profundidade o velho e o novo mandato atribuídos à escola. Se clarifique, de uma vez por todas, o que a sociedade precisa e quer.
E não se esqueça que um novo sistema educativo não pode ser pensado desligado, menos ainda desarticulado, de outros subsistemas sociais - também eles a precisarem de reconfiguração- sejam o sistema de saúde, de formação ao longo da vida, da família, das igrejas, dos partidos e movimentos sociais, do atendimento de crianças em risco e de inclusão, de integração social ou as redes de formação artística, cultural, desportiva,de ocupação formativa de tempo livre, entre outras. A sociedade portuguesa precisa de clarificar e definir o seu modelo social, do qual a educação é apenas um dos elos da rede que deve permitir uma vida social saudável.
Não nos podemos calar perante o apodrecimento da situação reinante. Não aceitamos esta escola antiquada, cada vez mais reduzida a um espaço totalitário, uma espécie de cercado, síntese do quartel (na organização), da prisão (no controlo) e do galinheiro (na aprendizagem e na vida)."
José Paulo Serralheiro, in "A Página da Educação" , Abril 2008
1 comentário:
Lá está, a escola tem de se articular com o mundo à volta!
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